Quando o riso nos fala de coisas sérias
Riso; pensamento; expressão humana; contexto; conteúdos interditos.
Partindo da afirmação de Alberto Cantoni de que “o humorismo revela o lado sério das coisas tolas e o lado tolo das coisas sérias”, minha hipótese de trabalho é de que o riso é pensamento. Constituindo uma outra forma de expressão humana, ele exterioriza uma existência. Não obstante seu aspecto aparentemente efêmero, mecânico e quase instintivo, quem ri está em constante simbiose com ambientes sociais, psicológicos, históricos, políticos, religiosos, enfim, imbricado visceralmente a tudo aquilo que faz parte da experiência mundana. O corpo que ri está sempre em relação com o entorno. Neste sentido ele pode se tornar, e invariavelmente se torna, qual ferramenta perfurante, revelador de conteúdos interditos. Para mim ele é um “texto” saído de um con-texto. Usá-lo como ferramenta significa, como queria Proust, “não encontrar novas terras, mas ver o território com novos olhos”.