ESTADO E LUTA DE CLASSES NA “PERIFERIA DA PERIFERIA”: uma análise do capitalismo contemporâneo no Rio Grande do Norte
RIO GRANDE DO NORTE; CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO; LUTA DE CLASSES.
Este trabalho se propõe a analisar a relação entre o Estado burguês e a luta de classes no Rio Grande do Norte, inserida nas mudanças geradas pelo capitalismo contemporâneo. Considera-se que estas mudanças, iniciadas em meados de 1970, provocaram a reestruturação do processo produtivo, reorganização das formas de dominação política e ampliação da exploração e espoliação das classes subalternas. Procuramos discernir, descrever e explicar como essas mudanças incidiram na relação entre o Estado norte-rio-grandense e as classes sociais. Visto se tratar de uma formação social localizada na “periferia da periferia” do circuito mundial do capital e, por essa condição, já enfrentara ao longo de sua história efeitos similares. É certo que no capitalismo desenvolvido-central houve ampliação da exploração do trabalho, espoliação de direitos sociais e a aumento da desigualdade social. Todavia, em detrimento do “desenvolvimento geográfico desigual”, estes efeitos do capitalismo contemporâneo foram mais intensos na “periferia da periferia”. Essa é a hipótese desta pesquisa. A fim de confirmarmos isso, partimos do método materialista histórico desenvolvido por alguns teóricos filiados à tradição marxista. Além disso, analisamos dados oficiais publicados pelo Estado norte-rio-grandense, trabalhos monográficos acerca do tema-objeto da pesquisa e fontes auxiliares como jornais e revistas. Os resultados demonstram que no Rio Grande do Norte a “superexploração” do trabalho, a violação de direitos sociais e a concentração de riqueza estiveram sempre presentes nesta formação social. Nesse sentido, notamos que as contradições do capitalismo contemporâneo acirraram ainda mais a luta de classes suscitando, em suma, uma relação contraditória com o Estado e em permanente tensão.