“Os dias são maus”: o ensino religioso cristão em dias pós-modernos – o desafio de fazer crer perante a “cultura da incredulidade”
Pós-modernidade. Cristianismo. Rhema Brasil. Verdade. Formas simbólicas.
O presente trabalho adota a suposição de que a religião continua a ser uma dimensão de grande destaque no mundo contemporâneo – caracterizado pelo pluralismo, pelas ideias de tolerância e liberdade. Mas, para certas correntes do cristianismo, a cultura pós-moderna parece se caracterizar como um ambiente altamente nocivo às suas doutrinas e princípios, uma vez que esta matriz religiosa traz em si uma reivindicação da verdade que parece fundamentar toda a sua significação, sua definição de valores e seu esforço de difusão (evangelismo). Não se trata de afirmar que o cristianismo é única religião que reivindica a verdade, o que seria um equívoco grosseiro. Ora, a religião foi reputada como um fenômeno fadado ao desaparecimento, de acordo com a “ideologia” da Modernidade, dada a ideia de que o desenvolvimento científico nos conduziria fatalmente à demonstração de que a religião não passava de uma instituição social pautada na superstição, na fantasia, no imaginário e que, portanto, nada tinha de “real” a não ser a sua existência enquanto instituição capaz de agregar a sociedade (dar-lhe coesão), fornecer valores e sentido às diferentes angústias e dúvidas ontológicas da humanidade. No cenário contemporâneo – semeado pela modernidade –, como as ideias cristãs, suas doutrinas e princípios se harmonizam ou entram em conflito com a pós-modernidade? Essas são as nossas perguntas de partida e questões a que pretendemos nos deter e refletir. A partir da suposição de que o fenômeno religioso tem grande vigor nos dias atuais, esta pesquisa tem como objetivo central realizar uma análise de como a educação religiosa, de uma denominação protestante específica, se harmoniza ou entra em confronto com a ideologia ou as ideias mais gerais e enfáticas que podemos observar no mundo ocidental que nos é apresentado a partir dos diagnósticos da contemporaneidade feitos pelos autores que debatem sobre o pós-modernismo ou pós-modernidade, destacadamente: David Harvey, Jean-François Lyotard, Zygmun Bauman e Fredric Jameson.