ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA E DIAGENÉTICA DAS ROCHAS QUE REGISTAM PASSAGEM ENTRE AS FORMAÇÕES AÇU E JANDAÍRA (NEOCENOMANIANO AO EOTURONIANO) NA BACIA POTIGUAR, NE DO BRASIL
fácies, sistema estuarino, rampa carbonática, planície de maré carbonática, barras de maré carbonática, análise diagenética, estratigrafia de sequências.
Este trabalho, intitulado “Análise estratigráfica e diagenética das rochas
que registam passagem entre as formações Açu e Jandaíra (Neocenomaniano ao
Eoturoniano) na Bacia Potiguar, NE do Brasil”, tem como objetivo principal
conduzir um estudo faciológico, estratigráfico e diagenético em arenitos e
calcários que englobam a transição entre os andares Cenomaniano e
Turoniano na Bacia Potiguar. Litoestratigraficamente, tal intervalo
corresponde à passagem entre as formações Açu, depositada em ambiente
continental a transicional, para a Formação Jandaíra, formada em ambiente
marinho.
Como objetivos específicos, este estudo visa realizar: (1) Análise
faciológica e interpretação dos sistemas deposicionais (identificar, por
meio de análise de testemunhos e de perfis geofísicos, as diferentes
fácies, elementos arquiteturais e sistemas deposicionais que representam
os arenitos que integram a unidade operacional Açu-3 e Açu-4 e a porção
inferior da Formação Jandaíra); (2) Análise diagenética (estudo
petrográfico e petrológico enfatizando os tipos e a distribuição espacial
e temporal dos processos diagenéticos, além da avaliação da composição
detrítica e dos fatores que controlam a qualidade de reservatórios –
definindo petrofácies sensu De Ros & Goldberg, 2007); (3) Análise
estratigráfica utilizando os eventos eodiagenéticos como indicadores da
ambiência deposicional e, por fim, (5) Análise integrada dos resultados
obtidos.
Até o presente momento, foram realizados estudos faciológicos e de
interpretação dos sistemas deposicionais, o que resultou nas seguintes
conclusões: As fácies siliciclásticas pertencentes à porção superior da
Formação Açu (Unidade Açu 4) perfazem um total de doze, sendo uma
conglomerática, oito areníticas e três pelíticas. As fácies foram
agrupadas em quatro associações de fácies distintas: (1) A associação de
fácies de barras em pontal de marés; (2) A associação de fácies de
planície arenosa de regime de fluxo superior; (3) A associação de fácies
de planície arenosa de regime de fluxo inferior, e (4) a Associação de
planície lamosa. A associação de fácies possibilitou interpretar que o
cenário deposicional que se estabeleceu durante a deposição da porção
superior da Formação (Unidade Açu 4) era representado por um sistema
estuarino dominado por marés. A porção inferior da Formação Jandaíra
congrega nove fácies, distribuídas desde fácies depositadas em condições
de baixa energia (mudstones) até aquelas formadas em condiçõe de alta
energia (grainstones) e englobam Mudstones a Wackestones com birdseyes,
maciços, bioturbados, Packstones a Wackstones maciços, com bioturbação,
Packstones a Grainstones maciços e Grainstones a Packstones com
estratificação cruzada acanalada. Tais fácies foram agrupadas em três
associações de fácies: (1) A associação de fácies de supramaré a intermaré
; (2) A associação de fácies de inframaré ou laguna carbonática, e (3) a
Associação de barras de maré carbonáticas. O estudo acerca das associações
de fácies tornou possível interpretar que o cenário deposicional para a
porção inferior desta formação era representado por uma rampa interna de
águas rasas onde coexistiam sistemas de planícies de maré e de barras de
marés carbonáticas separadas por lagunas de águas calmas e restritas.