Estrutura crustal e mantélica da província Borborema (NE do Brasil) através de funções do receptor e dispersão de ondas superficiais.
província Borborema, funções do receptor, dispersão de ondas superficiais, tomografia da dispersão de ondas superficiais, inversão conjunta, evolução geodinâmica.
A Província Borborema, localizada no nordeste do Brasil, possui um embasamento de idade
Pré-cambriana e um arcabouço tectônico estruturado no final do Neoproterozóico. Após a separação dos continentes Sul-Americano e Africano formou-se um sistema de riftes no nordeste brasileiro, o qual deu origem as bacias marginais localizadas na província. Durante o Cenozóico, eventos de vulcanismos e epirogenia ocorreram na província, tais como: o soerguimento do Planalto da Borborema e o magmatismo ao longo da linha Macau-Queimadas, marcando assim a evolução da Província. O objetivo desse trabalho é investigar as causas geodinâmicas desses dois eventos utilizando sismologia de banda larga e fazer correlações com os estudos geofísicos e geológicos realizados na província Borborema.
As causas do soerguimento do Planalto estão associadas a um underplating magmático (material máfico preso na base da crosta), O material máfico é caracterizado por razões Vp/Vs maiores do que o material félsico, enquanto estudos anteriores atribuem a explicação da geração de plugs continetais jovens (9-7 Ma) ao longo do MQA à um mecanismo de convecção de pequenas células.
As Funções do receptor e tomografia de dispersão de ondas superficiais são métodos que utilizam eventos telessísmicos para estimativas de espessura crustal, razão Vp/Vs e perfis de velocidades, respectivamente. Sabe-se que a dispersão de ondas de superfície é sensível à velocidade de ondas S média em profundidade. A função do receptor é primeiramente sensível aos contrastes das velocidades de ondas de corpo e aos tempos de percurso verticais. Assim, dispersão de ondas de superfície e a função do receptor confinam propriedades sísmicas diferentes, mas dependentes, da estrutura da litosfera. Suas inversões conjuntas podem fornecer bons vínculos tanto em descontinuidades como em velocidades de onda S.
Os eventos utilizados nesse trabalho para as funções do receptor foram obtidas de trinta e uma estações localizadas no Nordeste do Brasil, dezesseis estações de banda larga da rede RSisNE (Rede Sismográfica do Nordeste do Brasil) e quinze estações de período curto da rede INCT-ET (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Estudos Tectônicos), usamos também resultados de outras estações como: a estação RCBR, da rede global GSN, as estações banda larga CAUB e AGBL do projeto BLSP (Brazilian Lithosphere Seismic Project IAG/USP) e de seis estações banda larga do projeto Milênio (Estudos geofísicos e tectônicos na Província Borborema - CNPq). Para as dispersões de ondas de superfície foram usados eventos de dezesseis estações de banda larga da rede RSisNE, bem como as seis estações banda larga do projeto Milênio e a estação RCBR. Para obter um melhor resultado da tomografia, vamos integrá-los com os percursos utilizados em uma tomografia para toda a América do Sul.
Diante de muitos estudos bem sucedidos em vários lugares do mundo usando a inversão conjunta, fica claro a importância dessa metodologia e dos resultados obtidos para o entendimento da crosta, do manto litosférico e consequentemente da tectônica da região estudada. O emprego da metodologia se dá principalmente em regiões onde há vulcanismos Cenozóicos e soerguimentos de platôs de mesma idade, sabendo de tais características iremos aplicar a metodologia na província Borborema, onde sabe-se que há existência dos dois fatores geológicos citados acima. Os modelos de velocidades de onda S obtidos no estudo ajudará a estimar onde a crosta da região estudada é mais espessa e onde as velocidades das ondas são maiores ou menores, a partir dessas informações podemos inferir sobre a evolução geotectônica da província Borborema.