Análise Hidrodinâmica e Morfodinâmica do Complexo Estuarino do Rio Piranhas-Açu/RN, Nordeste do Brasil
estuários do rio Piranhas-Açu, morfodinâmica, hidrodinâmica, ADCP, sonografia.
Os estuários são áreas transicionais importantes tanto do ponto de vista científico quanto ambiental e econômico. Neste conjunto encontram-se desde principais cidades até importantes atividades econômicas do país, como também o berçário e desenvolvimento de espécies biológicas. Tal região contempla uma área de transição entre o continente e o oceano, onde são peças encaixantes deste ambiente dinâmico, influenciados principalmente pelas correntes marinhas e fluviais. Os estuários Açu, Cavalos e Conchas estão inseridos em um ambiente constituído por uma planície de inundação flúvio-marinha, ecossistema de manguezal, bancos arenosos, campos de dunas, pontais e praias arenosas. Uma região onde os processos costeiros atuantes são notados principalmente pela dinâmica das modificações nas estruturas morfológicas ali presentes. A foz destes constitui a desembocadura da bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Açu, que recobre 32.8%, RN onde mais de 85% do estado está inserido numa região semi-árida, ANA (2011). Adjacente as unidades naturais, as principais atividades socioeconômicas locais (indústria petrolífera, salineira, carcinicultura, pesqueira e turística) são dependentes deste rio e da sua conservação. O monitoramento ambiental se faz necessário por se tratar de uma área sob constante ação dos processos costeiros e com alto risco ao derramamento de óleo. Este trabalho contemplou um conhecimento geral sobre a morfologia, sedimentologia e hidrodinâmica de três estuários que compõe a descarga da maior bacia hidrográfica do estado. A aquisição e interpretação de dados hidrodinâmicos, sonográficos e sedimentológicos foi realizados em duas campanhas, período seco 2010 e período chuvoso 2011, utilizando respectivamente, o perfilador de correntes por efeito Doppler- ADCP, o sonar de varredura lateral e amostrador pontual Van Veen. Nos estuários Açu, Cavalos e Conchas, foram identificadas feições de fundo do tipo Leito Plano e Dunas 2-D e 3-D (pequeno a médio porte), geradas em regime de fluxo inferior (número de Froude <1). Estruturas do tipo marcas onduladas (ripples) foram observadas somente na foz do estuário Açu. Quanto aos fluxos hidrodinâmicos, os maiores valores de vazão e velocidade registrados do fluxo foram no estuário Açu (434,992 m³.s-¹ e 0,554 m.s-¹). No período chuvoso, apesar do registro de maiores valores de descarga e velocidades do fluxo na foz, na montante as taxas de energia não diferenciaram muito dos dados do período seco. Contudo, em todos os estuários foram registrados um aumento na velocidade e na vazão, com ressalva na vazão no estuário Açu e na vazão na foz do estuário Conchas. Dos sedimentos, os tamanhos dos grãos tendem a aumentar na direção da foz dos estuários e estes variaram de areia muito fina a areia muito grossa, sendo a fração areia média a mais recorrente. Com base nos dados adquiridos e analisados, os estuários Açu, Cavalos e Conchas são classificados como dominados por processos misto de ondas e marés. De acordo com a sua morfologia, classificados como estuário construído por barra e segundo a classificação por salinidade, os estuários Açu, Cavalos e Conchas foram classificados como estuários hipersalinos e o Açu, também como verticalmente bem misturado do tipo C.