Arcabouço Tectono-estrutural da Margem Equatorial Brasileira: Uma Abordagem Baseada em Dados de Sensoriamento Remoto e Geofísicos Potenciais
Margem Equatorial Brasileira; herança estrutural; análise de lineamentos; margens transformantes; arquitetura crustal; reconstruções paleogeográficas
Ao longo da Margem Equatorial Brasileira (MEB) se desenvolveram um conjunto de bacias sedimentares do Neobarremiano ao Albiano. Esta região tem despertado grande interesse devido às recentes descobertas de reservas de hidrocarbonetos nas margens continentais de Gana, na África, e Guianas/Suriname, na América do Sul. No entanto, a falta de exposições do rifte aptiano-albiano e a superposição de estruturas rúpteis relacionadas a este evento com outras mais antigas e/ou mais novas relacionadas ao rifte neocomiano-barremiano e à deformação intraplaca pós-campaniana, dificultam a correlação de estruturas mapeadas em superfície com os eventos tectônicos transtrativos/transpressivos relacionados à evolução do Atlântico Equatorial. Na porção onshore das margens equatoriais brasileira e africana, foi realizada uma análise da orientação e distribuição dos lineamentos rúpteis. Em maior detalhe, e considerando dados de campo, os trends associados a lineamentos rúpteis em superfície foram comparados com lineamentos magnéticos nas bacias Potiguar, São Luís, Bragança-Viseu, Grajaú e Barreirinhas. Os resultados indicam reflexos continentais da tectônica albiana até a porção sul da Bacia do Grajaú, apontando para uma transtração dextral da MEB durante o Albiano e controle da herança de zonas de cisalhamento brasilianas das faixas Gurupi e Araguaia, Província Borborema, e do Lineamento Transbrasiliano no desenvolvimento e reativação de estruturas rúpteis em diversos estágios de evolução da MEB. Além disso, foi conduzido um estudo da arquitetura crustal profunda na região offshore da MEB, em que foram integrados dados gravimétricos, magnéticos e sísmicos 2D de diferentes fontes. A MEB foi dividida em quatro domínios: proximal (PD), zona de neck (NZ), transição oceano-continente (OCT) e crosta oceânica (OC). Esses domínios apresentam predominância de falhas normais e de rejeito oblíquo NW-SE do Aptiano ao Albiano, associadas a falhas de rejeito direcional e oblíquo E-W, além de dobras e empurrões NE-SW. As transições oceano-continente podem variar de forma gradual a abrupta, dependendo da localização e do estilo estrutural predominante em cada segmento da margem. Os limites definidos proporcionaram um bom encaixe entre as crostas continentais da MEB e da Margem Equatorial Africana (AEM) durante o Cenomaniano. Este estudo tem como objetivo principal contribuir para uma melhor compreensão dos mecanismos de formação das bacias na MEB, abrindo perspectivas para exploração de seu potencial petrolífero em águas profundas e ultra-profundas.