Variações da linha de costa em deltas brasileiro e seus processos causadores
Deltas; Dinâmica costeira; Nordeste do Brasil; Delta do São Francisco; Delta do Parnaíba; Erosão Costeira
Os deltas são ambientes de transição entre o continente e oceano, sendo importantíssimos à humanidade devido à gama de recursos naturais utilizados na indústria energética, alimentar, industrial e no transporte. Entretanto, devido a uma maior demanda por esses recursos, seja na zona costeira quanto na sua bacia de drenagem, os principais deltas do mundo estão submetidos a processos de erosão costeira e subsidência. Neste sentido, o monitoramento desse ambiente, por meio de novas tecnologias, é fundamental para a determinação de hotspots erosionais, facilitando assim, a tomada de decisões e medidas mitigadoras e adaptadoras. O principal objetivo dessa tese é o estudo da dinâmica costeira em deltas brasileiros. Imagens multiespectrais, em distintas escalas temporais (intermediárias e curtas), associadas a dados hidroclimáticos (vazão dos principais cursos fluviais e pluviometria) foram utilizadas para quantificação da variação da linha de costa dos deltas do Parnaíba, São Francisco e Jequitinhonha, determinação das áreas mais críticas a erosão e sua correlação tanto com as atividades antrópicas, na zona costeira e na bacia de drenagem, quanto através dos processos naturais (ondas, correntes, geologia na bacia de drenagem). Os resultados obtidos para o Delta do São Francisco indicam que numa escala intermediária de tempo (entre 1984 a 2019), 66% da linha de costa erodiu, enquanto 34% progradou. As maiores taxas erosivas e progradacionais ocorreram a sudoeste da desembocadura, com taxas superiores a 12 m/ano e 8/ano, respectivamente. Nas análises mais curtas (décadas), as maiores taxas erosivas ocorreram entre 1984 a 1991, período em que se deu início a barragem de Xingó, a barragem mais próxima à zona costeira. Por sua vez, essas análises também indicam que a erosão, na desembocadura do delta do São Francisco, vem diminuindo lentamente ao longo das décadas, mesmo com a diminuição constante da vazão do rio.