Geologia e petrogênese do magmatismo alcalino miocênico de Pedro Avelino / RN, NE do Brasil
vulcanismo intraplaca; magma alcalino; Mioceno; sistema de diques; NE do Brasil
O vulcanismo intracontinental mais recente registrado no Brasil ocorre como pequenos volumes de magma máfico intrusivos na Província Borborema. Parte desse vulcanismo afeta também rochas sedimentares cretáceas, gerando auréolas térmicas de contato e contribuindo para a remobilização e maturação de hidrocarbonetos. O corpo Serra Preta, localizado a leste de Pedro Avelino/RN, é um exemplo de idade miocênica intrusivo em arenitos e calcários da Bacia Potiguar. Devido a sua geometria retilínea em mapa, diferente de formas circulares mais comuns na região, as interpretações sobre sua forma de ocorrência ainda divergem na literatura. Nesse sentido, o presente trabalho propõe o estudo dessas rochas em escala de detalhe, com ênfase na geometria, petrografia e petrogênese. A expressão superficial do corpo Serra Preta é explicada por alojamento magmático com controle tectônico, gerando condutos vulcânicos na forma de um sistema de diques, com um principal NNW-SSE e outro, secundário, NE-SW. As rochas estudadas mostram feições vulcânicas e hipabissais, sendo constituídas petrograficamente por olivina basaltos (os mais representativos e com xenocristais e microfenocristais de olivina e clinopiroxênio) e nefelina diabásios microporfiríticos, estes como diferenciados tardios. A matriz é composta por micrólitos de augita, plagioclásio (~An50), opacos (magnetita e ilmenita) e vidro intersticial. Ainda são reportadas vesículas, amígdalas e venulações interdigitadas, as quais contêm carbonato, apatita acicular, zeólita, feldspatoide, biotita e clinopiroxênio. Em termos litoquímicos, correspondem a magmas alcalinos sódicos e relativamente primitivos (#mg=65-79), caracterizados por baixo SiO2 (39-43%) e elevado MgO (12-19%), usualmente contendo nefelina + olivina ± leucita normativos. Diagramas do tipo Harker e AFM sugerem mecanismos de diferenciação controlados principalmente por fracionamento de olivina rica em forsterita. Apresentam enriquecimento em elementos terras raras leves (LaN/YbN ~36-18), ausência de anomalia de európio, e enriquecimento em elementos incompatíveis de grande raio iônico, destacando-se anomalia negativas de K e Hf. As diferentes fácies texturais observadas indicam resfriamento final, em nível crustal raso, de magmas basálticos alcalinos fortemente insaturados em sílica, gerando basanitos, melanefelinitos e basaltos transicionais (olivina basaltos). O mecanismo de colocação de magmas, interpretado como um sistema de diques e não em derrames/platôs, como assumido na literatura, foi favorecido por abertura de espaço em função de tensões locais no Mioceno, que reativou estruturas rúpteis das encaixantes.