A Zona de Fratura Romanche na Margem Equatorial do Brasil: implicações para a evolução de uma margem transformante
Atlântico Equatorial; Nordeste do Brasil; Margem Transformante; Margem Divergente; Margem Hiperestendida; Zona de Fratura; Romanche
Este trabalho aborda a segmentação crustal da Margem Equatorial Brasileira controlada por zonas de cisalhamento pré-cambrianas e pela Zona de Fratura Romanche, usando uma combinação de dados gravimétricos de satélite e marinhos e sísmica de reflexão. Os dados interpretados permitem a determinação da estrutura das crostas continental e oceânica através da modelagem gravimétrica 2D restringida por dados sísmicos. É proposto um modelo simplificado da evolução da Margem Equatorial Brasileira que envolve deslizamento dextral de placa ao longo da Zona de Fratura de Romanche, em uma configuração de margem oblíqua transformante. América do Sul e África foram rifteadas como uma margem oblíqua com ângulos de 26°-30° em relação à falha transformante E-W do Barremiano (~ 129 Ma) ao Aptiano tardio (~ 115 Ma). O cisalhamento entre esses blocos continentais cessou com o aparecimento da primeira crosta oceânica no Albiano (~ 110 Ma). Ressaltando que a geometria e a orientação dos primeiros centros de espalhamento oceânico seguiram o rompimento continental e foram oblíquas à transformante. Os centros de espalhamento a norte e sul da Zona de Fratura de Romanche rotacionaram no sentido horário e tornaram-se ortogonais à transformante na isócrona 34 (Santoniana; ~ 83,5 ± 8 Ma), um evento no qual a zona de fratura atingiu seu estágio passivo. Como resultado desse evento, a atual Margem Equatorial Brasileira é controlada pelas estruturas de trend NW-SE e E-W. O primeiro está relacionado aos centros de espalhamento formados durante a primeira geração de crosta oceânica na margem, enquanto o segundo corresponde aos locais onde a zona de fratura intercepta a plataforma continental. Nossos resultados indicam que a Zona de Fratura Romanche forma cadeias bem definidas no Atlântico Equatorial, onde se eleva a ~2,5 km acima das bacias circundantes. Estas cadeias e uma série de montes submarinos orientados para o NW-SE impediram a deposição de um volume significativo de sedimentos provenientes do continente, agindo como uma barreira topográfica. A reativação neotectônica da zona de fratura ao longo do limite litosférico continental-oceânico indica que a Zona de Fratura Romanche é uma falha de longa duração