ANÁLISE SISMOTECTÔNICA DO SISTEMA TRANSFORMANTE DE SÃO PAULO, ATLÂNTICO EQUATORIAL, NO ANO DE 2013
Dorsal Meso-Atlântica; Sistema Transformante de São Paulo; Sismotectônica; Percolação de Água; Zona de Fraqueza
O estudo da atividade sísmica nas regiões da Dorsal Meso-Atlântica têm sido um desafio para ciência, devido a baixa cobertura que as redes globais oferecem para essas regiões oceânicas. Apesar do alto custo, laboratórios têm feito implantações temporárias e/ou permanente de equipamentos para tentar compreender melhor como se comportam as falhas, e sua evolução temporal nessas zonas de borda de placa. Nesse trabalho, mostramos os resultados obtidos a partir de uma analise sismotectônica realizada a partir dos eventos ocorridos durante o ano de 2013 no Sistema Tranformante de São Paulo (STSP). O estudo foi realizado a partir de dados da estação sismográfica instalada sobre o Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), e do arranjo de hidrofones implantados durante o projeto COLMEIA. O processo de localização dos eventos com magnitude <3.3, na qual totalizou 52 eventos, foi feito através do método do back-azimuth, com seus hipocentros sendo estimados pelo ângulo de incidência do raio. Os outros 10 eventos de M >3.3 já possibilitava o registro em estações regionais localizadas no Brasil NE, Cabo Verde, Ilha de Ascensão e Costa do Marfim, e com isso o software HYPOCENTER foi usado para calcular os hipocentros em conjunto da estação do ASPSP, aplicando as correções do tempo de percurso. Em seguida, fizemos a localização dos mesmos 10 eventos usando registros da estação do ASPSP, em conjunto agora dos registros de onda P obtidos pelos hidrofones. Os resultados mostraram que os hipocentros obtidos com o uso dos hidrofones apresentavam valores de erros menores, quando comparados com os obtidos a partir do uso das estações regionais. Com valores de profundidade entre 0.22 e 16.7 km abaixo do fundo oceânico, os hipocentros encontram-se situados em três diferentes zonas do STSP: Zona da Serra do Atobá (ZSA), a Zona de Cisalhamento Leste (ZCL) e sobre a Zona de Fratura Central (ZFC). Os tremores sobre a ZSA apresentaram uma complexa variação de profundidades, devido a presença de “thrust faults” ligadas à transpressão ao longo da falha transformante, demostrando que a zona de separação rúptil-dúctil se encontra entre 14-16 km de profundidade. A maior parte dos hipocentros mostraram-se coerentes com dados gravimétricos de espessura de uma camada de baixa densidade (crosta ou manto serpentinizado), de modo que em alguns casos os eventos ultrapassam a zona serpentinizada, possivelmente devido a percolação de fluido que possibilita a quebra da falha a altas profundidades. Identificamos a existência de diversos tremores sobra a zona de fraturamento localizada sobre o segmento central do STSP. Acreditamos que esses eventos na ZFC sejam causados pela reativação de uma zona de fraqueza, de modo que estresses originados sobre a ZSA, ou possíveis mudanças termais no campo de stress reativaram essas zonas mais fracas.