Caracterização Petrográfica e Litogeoquímica do Stock Serra do Capuxu, SW do Domínio Rio Piranhas-Seridó, Província Borborema
STOCK CAPUXU; LITOGEOQUÍMICA; MAGMATISMO PÓS COLISIONAL; GRANITO TIPO-I FRACIONADO
A Província Borborema, nordeste do Brasil, caracteriza-se por um intenso plutonismo de idade ediacarana a cambriana (Orogênese Brasiliana). Nesse contexto, situa-se a leste do município de Pombal, Paraíba, o Stock Serra do Capuxu (SC), geologicamente localizado na porção sudoeste do Domínio Rio Piranhas-Seridó, a norte da Zona de Cisalhamento Malta (transcorrente dextral). O SC é intrusivo em rochas gnáissicas do Complexo Caicó, dos quais guarda xenólitos, e apresenta um caráter tardio evidenciado pela ausência de feições tectônicas dúcteis. Petrograficamente o stock é constituído por rochas leucocráticas de composição monzogranítica, de textura equigranular ocorrendo por fenocristais de K-feldspato (microclina). Os K-feldspato+plagioclásio+quartzo constituem cerca de 85% modal, a biotita é o principal mineral máfico e os minerais acessórios são titanita, opacos, allanita e zircão. Clorita, mica branca e carbonato ocorrem como produtos de transformações tardi-magmáticas de biotita e feldspatos. Tratam-se de rochas bastante evoluídas (SiO2=71,80-73,14), com teores de álcalis elevados (Na2O+K2O=8,25-8,77), baixos teores de cálcio (CaO=1,23-1,69) e elevadas razões FeO(t)/(FeO(t)+MgO), que varia entre 0,85 e 0,90. Os espectros de elementos terras raras (ETR’s) mostram enriquecimento dos ETR’s leves, em relação aos ETR’s pesados, com pronunciada anomalia negativa de Európio (CeN/SmN=4,8-5,7; GdN/YbN=1,6-2,2; e Eu/Eu*=0,34-0,44), sugerindo um papel importante dos feldspatos durante a evolução do magma do SC. O índice de saturação em alumíno do SC exibe um caráter fracamente peraluminoso (A/CNK=1,00-1,03) com baixo coríndon normativo (0,13-0,54%). Em diagramas discriminantes de séries magmáticas as rochas do SC revelam, na sua maioria, afinidade química com rochas da série subalcalina (cálcio alcalina de alto-K), ainda que em alguns diagramas uma afinidade alcalina seja sugestiva. Diagramas classificativos de ambiente tectônico envolvendo elementos traços associam o SC a ambiente pós-colisional, corroborando com os aspectos de campo pela ausência de feições tectônicas deformacionais dúcteis. Postula-se uma fonte eminentemente crustal para o magma do SC, possivelmente fusão de gnaisses do embasamento (baixo grau de fusão face seus elevados e pouco variados teores de SiO2) já de natureza cálcio alcalina de alto-K. Na literatura rochas com assinatura litoquímica similares ao observado no SC têm sido identificadas/denominadas de “Granitos Tipo-I Fracionados”. Uma idade U-Pb em zircão de 542 Ma, referida na literatura, vem corroborar a hipótese de um alojamento tardio (pós-tectônico) para o SC.