LITOQUÍMICA DE PLÚTONS ALCALINOS NOS DOMÍNIOS RIO PIRANHAS-SERIDÓ E SÃO JOSÉ DE CAMPESTRE, EXTREMO NORDESTE DA PROVÍNCIA BORBOREMA: UM ESTUDO COMPARATIVO
Província Borborema, granitos alcalinos, litoquímica.
O magmatismo neoproterozoico de afinidade alcalina do Domínio Rio Grande do Norte, Província Borborema, é representado por sete corpos com características litoquímicas e petrográficas de granitos tipo-A. Esta suíte alcalina é formada pelos plútons Serra Negra do Norte e Flores, no Domínio Rio Piranhas-Seridó (DRPS), e Japi, Caxexa, Serra do Algodão, Serra do Boqueirão e Olho D’Água, no Domínio São José do Campestre (DSJC). Este trabalho faz um estudo comparativo entre esses plútons do ponto de vista petrográfico e litoquímico, ressaltando suas similaridades e contrastes. No geral, as rochas estudadas são hololeucocráticas, com feições de acamamento magmático e, em alguns casos, cortadas por diques e sheets. Possuem textura fanerítica fina a média e equigranular. Do ponto de vista petrográfico, separam-se em dois grupos que correspondem aos domínios DRPS e DRSJC. Os plútons intrusivos no DRPS classificam-se como álcali-feldspato granito e álcali-feldspato sienito, enquanto no DSJC correspondem predominantemente a sienogranitos e quartzo-monzonitos. A mineralogia principal inclui, além de quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino, os máficos clinopiroxênio, ±anfibólio e ±biotita. Os acessórios são zircão, apatita, allanita, opacos, titanita, ±andradita. Epídoto é ocasional (Serra Negra do Norte). Do ponto de vista litoquímico, são rochas com afinidades alcalinas a transicionais (Serra Negra do Norte), peraluminosas a metaluminosas e ferroanas. Apresentam relativo enriquecimento de ETRL em relação aos ETRP, com os maiores valores de ETR totais nos corpos do DRPS. Estes também mostram anomalias negativas a levemente positivas de Eu (0,24 < Eu/Eu* < 1,25), contrastando com os plútons do DSJC, com anomalias positivas bem marcadas (1,49 < Eu/Eu* < 2,95). Tais anomalias podem estar relacionadas ao fracionamento de plagioclásio na fonte ou a condições de cristalização mais oxidantes. Nos diagramas geotectônicos, a tendência é os corpos do DRPS e DSJC apresentarem comportamento intraplaca e sin-colisional, respectivamente; no último caso refletindo a influência de zonas de cisalhamento. As temperaturas de saturação de Zr variam entre 567 e 899 ºC. Neste caso, os corpos do DRPS apresentam maiores temperaturas (709-899 ºC) quando comparados aos do DSJC (567-821 ºC). A fugacidade de oxigênio foi calculada para o plúton Caxexa a partir da reação hedenbergita + O2 ↔ andradita + magnetita + quartzo, com valores de log ƒO2 entre -15,4 e -15,7 (valor médio de -15,5 ± 0,06). Tais resultados reforçam condições de cristalização mais oxidantes para os corpos do DSJC, ligeiramente acima dos tampões QFM (ΔQFM = +1,1) e TMQAI (ΔTMQAI = +0,8).