Mecanismo de colocação e auréola termal provocada pelo plutão Catingueira, Ediacarano da Zona Transversal, Província Borborema, Nordeste do Brasil
Zona Transversal; Granito Catingueira; Ediacarano; Aureola Termal.
A sul da Zona de Cisalhamento Patos (ZCP), dentro do Terreno Piancó - Alto Brígida na Zona Transversal, situa-se o plutão Catingueira (grCat) com área de aproximadamente 12 km2 e idade U/Pb em zircão de 573±14 Ma. O grCat é um granito peralcalino clássico da região, que intrude e provoca metamorfismo de contato em rochas metapelíticas da Formação Santana dos Garrotes. O presente trabalho caracteriza a evolução termal do grCat usando informações de campo, petrografia, química de rocha total e mineral, geologia estrutural e propriedades petrofísicas (condutividade térmica, calor especifico, difusividade térmica e densidade). Grids petrogenéticos indicam metamorfismo de alta temperatura e baixa pressão a distancias <2,5 km do contato, com a associação estaurolita±granada±cordierita, coexistência de clorita e muscovita, rara sillimanita, e inexistência de migmatização. Tais características sugerem temperatura entre 540 e 640oC e pressão <3 kbar no contato do corpo ígneo. O geotermômetro do zircônio em rochas peralcalinas foi usado para definir a temperatura inicial do magma, obtendo-se 771oC, enquanto aplicação do geotermômetro de saturação em Ti das biotitas do micaxisto com estaurolita mostra valor médio de 538ºC. O primeiro valor seria próximo à temperatura de liquidus do magma, considerando o zircão a fase mais precoce junto com a apatita. A presença de textura pertítica indica que ocorreu resfriamento final abaixo da curva e solvus, ou seja, a temperatura inferior a 650oC. Análises de microssonda eletrônica da estaurolita mostram XMg≤0,2, indicando a cristalização deste mineral sob P<3 kbar e T=520ºC. Deste modo, estima-se um intervalo de temperatura de 771-650oC e P~3,0 kbar para o evento de colocação do magma peralcalino. A modelagem numérica do regime térmico foi feita através do software Heat 3D. As simulações foram calculadas a partir de duas formas geométricas, um cilindro vertical e um paralelepípedo horizontal, usando gradientes geotérmicos variando de 30oC/km a 70oC/km. Para atingir o equilíbrio térmico sob as condições acima descritas, foram calculados tempos de resfriamento de 194, 300, 408, 720 e 880 mil anos. O gradiente que permitiu atingir o melhor ajuste para o modelo foi de 70oC/km resultando no tempo 880 mil anos. Os resultados aqui obtidos em termos de dimensão, forma, profundidade e associações metamórficas são comparáveis a exemplos de outros corpos plutônicos descritos na Faixa Seridó, a norte da ZCP, e em outros continentes.