CARTOGRAFIA GEOFÍSICA REGIONAL DO MAGMATISMO MESOZOICO (MOSQUITO E SARDINHA) NA BACIA DO PARNAÍBA
Bacia do Parnaíba; Formação Mosquito; Formação Sardinha; Dados aeromagnéticos; Mapeamento semiautomático; Susceptibilidade magnética; Seções sísmicas.
A Bacia do Parnaíba ocupa uma imensa área na porção NE do território brasileiro, abrangendo vários estados do Brasil. Ela é uma sinéclise paleozoica, que contem registros desde a formação e desagregação do supercontinente Gondwana. A bacia é sustentada por um embasamento cristalino desenvolvido após a colisão entre as plataformas Amazônica e Brasileira. Em um contexto tectônico de ruptura do megacontinente Pangeia no Mesozoico, que levou à abertura do Oceano Atlântico, rochas ígneas intrusivas (diques e soleiras) e extrusivas, de composição básica, acomodaram-se na Bacia do Parnaíba, que, do ponto de vista estratigráfico, foram divididas em duas unidades: Formação Mosquito Eojurássica e Formação Sardinha Eocretácea. A presente pesquisa tem por objetivo principal a cartografia geofísica regional desses corpos magmáticos com base em dados aeromagnéticos e uma técnica de mapeamento semiautomático (SOM). O filtro Matched Filter foi aplicado com o objetivo de decompor o Campo Magnético Anômalo (CMA) da bacia em componentes relacionadas a fontes magnéticas em diferentes profundidades. Com isso, foram obtidos os campos magnéticos profundo (CMP), intermediário (CMI) e raso (CMR). Como o CMI apresenta principalmente uma contribuição causada por fontes magnéticas em profundidades mais rasas na crosta superior, característica dos corpos magmáticos da bacia, aplicamos as técnicas de filtragem espectral Amplitude do Sinal Analítico e Derivada Vertical nas anomalias magnéticas do CMI, com o objetivo de realçar ainda mais a resposta geofísica dessas fontes magnéticas, aumentando a resolução espacial do método investigativo. Com base nas anomalias de alta amplitude e curto comprimento de onda, delimitamos domínios e lineamentos magnéticos nos mapas aeromagnéticos, correlacionando-os com os possíveis corpos causadores. Assim, integrando os mapas geofísicos com essas assinaturas magnéticas ao SOM e ao mapa geológico, é apresentado um mapa interpretativo com a distribuição superficial das anomalias magnéticas associadas ao Magmatismo Mesozoico da bacia. Os resultados indicaram que o Magmatismo Mosquito tem grande ocorrência nas bordas oeste e sul da bacia, e o Magmatismo Sardinha está concentrado nas porções centro-leste e nordeste. Os dados de susceptibilidade magnética medidos nas rochas vulcânicas da bacia individualizaram o Magmatismo Mesozoico, constatando que a Formação Sardinha exibe susceptibilidade magnética média de 25,2 x 10-3 SI, aproximadamente duas vezes maior que a susceptibilidade magnética média da Formação Mosquito de 11,46 x 10-3 SI, revelando uma diferenciação composicional destes dois eventos magmáticos. Associações entre as seções sísmicas, os dados magnéticos e o mapa geológico demonstraram que as anomalias do CMA e da ASA estão relacionadas às soleiras e diques intrusivos, geralmente nos grupos Serra Grande, Canindé e Balsas, e são sensivelmente influenciadas por rochas ígneas aflorantes ou subaflorantes. Por fim, as direções dos lineamentos magnéticos revelaram que riftes de direções ENE-WSW e NNE-SSW, associados à desagregação do Gondwana Oeste, e trends estruturais E-W e NE-SW, associados à Zona de Cisalhamento Transbrasiliano, exerceram controle estrutural sobre o Magmatismo Mesozoico da bacia do Parnaíba.