PIROMETAMORFISMO EM CALCÁRIOS DA FORMAÇÃO JANDAÍRA, BACIA POTIGUAR, NE DO BRASIL
Pirometamorfismo; carbonatos; intrusões básicas, Bacia Potiguar.
A região entre os municípios de Pedro Avelino e Jandaíra (RN) é conhecida por apresentar ocorrências significativas de corpos magmáticos de idades de 50 a 7 Ma, que intrudiram na Bacia Potiguar, atingindo rochas reservatórios da Formação Açu e Jandaíra. Estas intrusões provocaram um metamorfismo de contato nas encaixantes, de fácies sanidinito, com altíssimas temperaturas e baixas pressões, também chamado de Pirometamorfismo. Utilizando dados de campo, microscópicos (ópticos e de varredura eletrônica), difração de raios-X e microssonda eletrônica, pôde-se caracterizar os calcários afetados termalmente da área de estudo. Estas rochas apresentam, no geral, uma variação de cristalização de acordo com as distâncias dos plugs, devido ao fluxo de calor, podendo ocorrer alternâncias elevadas de temperaturas em locais isolados. São encontradas com granulometria de muito fina a muito grossa, dependendo do grau de cristalização, coloração cinza clara a escura, e alaranjada em algumas porções das amostras, porosidade nula, com arcabouço totalmente fechado e falhas e fraturas preenchidas, e com resquícios de matéria orgânica entre os cristais nas rochas menos afetadas pelo calor. Podem conter os minerais calcita-Mg, dolomita, ankerita, espurrita, grupo do espinélio (espinélio e hercinita), volastonita, grupo da serpentina (lizardita e clinocrisotila), brucita, clorita (chamosita), renierita, spheniscidita, perovsquite, além dos relictos de quartzo, microclina, grupo da caolinita (caolinita e nacrita), vermiculita, flogopita e biotita. A serpentina, clorita e brucita são interpretados como produtos da transformação da olivina (forsterita), embora a brucita também possa ser originária da hidratação de periclásio. Os buchitos intercalados a estes calcários podem constituir mullita, sekaninaita, sanidina, tridimita, clinopiroxênio e armalcolita. Utilizando estas descrições juntamente com diagramas PT (P=PCO2), interpreta-se que as encaixantes dos corpos foram submetidas a temperaturas de 1150-1250°C e pressões 0,5-1,0 kbar, passando por fusão de diferentes graus, e que o seu resfriamento teria propiciado a remobilização de porções de matéria orgânica do sedimento original e liberação de fluidos metassomáticos/hidrotermais, ocasionando a hidratação de fases prévias (ex: olivina e periclásio).