MAGMATISMO GRANÍTICO TIPO ITAPORANGA NO MACIÇO SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE (LESTE DA FAIXA SERIDÓ): GEOQUÍMICA E ESTRUTUROLOGIA DO PLÚTON BARCELONA (RN)
Plúton Granítico Barcelona, Química mineral, Geoquímica, Modelo de alojamento
O Plúton Granítico Barcelona (PGB) possui uma área >200 km2, na forma “en cornue” com direção NE-SW. Encontra-se localizado no extremo nordeste da Província Borborema, leste do Domínio Rio Grande do Norte, na porção oeste do denominado Maciço São José do Campestre (MSJC). Este corpo granítico possui alojamento associado a zonas de cisalhamento transcorrentes de cinemática dextrógira com direção NE-SW, (Zonas de Cisalhamento: Picuí-João Câmara-ZCPJ, Lajes Pintadas-ZCLP e Sítio Novo-ZCSN) com regime transpressivo. O PGB representa um batólito de idade Neoproterozoica, o qual intrude o embasamento gnáissico-migmatítico de idade Arqueana a Paleoproterozoica, considerado como um representante do magmatismo granítico tipo Itaporanga no MSJC. O mesmo pertence a suíte cálcio alcalina de alto K, possui três fácies: porfirítico (composição monzogranítica); microgranito (granodiorítica) e intermediária a máfica (composição quartzo-diorítica), sendo dominante o fácie porfirítico. Análises por microssonda eletrônica foram realizadas em biotita, anfibólio, titanita, epídoto e minerais opacos dos granitos porfiríticos, onde foram inferidos parâmetros relativos às condições de cristalização do PGB. As biotitas possuem composição com leve tendência para o pólo da annita, ocupando os campos subalcalino e/ou trasicionais cálcio-alcalino/alcalino. Os anfibólios são hastingsitas com moderadas razões Mg/(Mg+Fe) e conteúdo de Alt indicando formação em ambiente com moderada a elevada ¦O2, corroborada por coroas de titanita em magnetita e de epidoto em allanita, pressão de cristalização entre 5,7 a 5,9 kbar, e temperatura da ordem de 700ºC. O epídoto mostra teores de Fe = 13.4% com valores da molécula de pistacita Ps = 30, sugerindo condições de ¦O2 entre os limites dos tampões NiNiO e HM. As titanitas são relativamente empobrecidas em alumínio (Al2O3 de 1,6%), compatíveis com titanitas magmáticas. Os minerais opacos são magnetitas com teores de Fe+3 duas vezes mais elevados do que Fe+2 (com Fe+3/ Fe+3+ Fe+2 ≈ 0,7), e com baixos valores de TiO2 (0,01 a 0,08%), sendo comum processo de martitização. Outras feições petrográficas como: zonação em feldspatos e allanita indicam cristalização fracionada como processo dominante de evolução magmática neste fácie; magnetita associada à titanita como fases precoces, indica que o magma progenitor era relativamente oxidado; abundância de mirmequitas reflete fluidos tardi-magmáticos enriquecidos em voláteis, com alguns desses fluidos possuindo composição de CO2 evidenciada pela carbonatação e saussuritização do plagioclásio. Esta corpo possui as seguintes características químicas: SiO2 = 62,0-75,0%; enriquecida em álcalis; ETR pouco a fortemente fracionados com anomalia de Eu negativa; transicionais entre cálcio alcalinos a alcalinos, com alto potássio (K2O entre 2,1-6,2%) e média baixa de cálcio (CaO<2,6%); metaluminoso a levemente peraluminoso. Na grande maioria dos diagramas discriminantes geoquímicos, assim como os terras raras e multielementares, os fácies microgranito e granito porfirítico do PGB plotam na zona de transição entre os campos alcalino e cálcio alcalino clássicos, sugerindo uma possível fonte dominantemente crustal, podendo em parte ter contribuição mantélica (vide as texturas tipos mingling e mixing), e ainda, que a mesma seja similar para ambas as fácies.