Geotecnologias de Alta Precisão no Mapeamento de Georisco a Inundações Frente às
Mudanças Climáticas.
Desastre natural; inundação fluvial; inundação por maré; geoprocessamento; MDE
A inundação é o tipo de desastre natural mais comum em todo o mundo e pode ter devastadoras consequências que afetam a economia, o meio ambiente e a dinâmica de vida de milhares de pessoas. Além disso, as alterações climáticas e a elevação do nível do mar vêm acelerando e potencializando os eventos de inundação, principalmente nas regiões costeiras e ribeirinhas. Entretanto, são carentes os estudos de projeções de inundações para os próximos anos, principalmente em escala local, com referenciais geodésicos fidedignos e que possam nortear ações mitigadoras. Nesse sentido, a presente tese de doutorado objetivou desenvolver e aplicar metodologia com base em geotecnologia de alta precisão vertical no mapeamento de geoperigo a inundações frente às mudanças climáticas. Esse trabalho foi desenvolvido em duas áreas de estudo no Brasil: (1) Um recorte no estuário Piranhas-Açú (área de estudo 1), Rio Grande do Norte; e (2) um recorte na Bacia do Rio Uruguai (área de estudo 2), Rio Grande do Sul. A escolha das duas áreas se deu pelo fato das regiões possuírem tipos de inundações diferentes (inundação por maré x inundação fluvial) e com forte apelo científico (socioeconômico-ambiental). Inicialmente, foi desenvolvida uma metodologia de avaliação e calibração de Modelo Digital de Elevação (MDE) para utilização em modelagens de inundações. A metodologia teve por premissa a utilização de pontos de controle de terreno de alta acurácia vertical, vinculados ao Sistema Geodésico Brasileiro e analisada em uma robusta estatística para avaliação e calibração de MDE, desenvolvida e aplicada para a área de estudo 1. Em seguida, a metodologia foi empregada para o mapeamento do geoperigo a inundação na área de estudo 2, uma região sob influência de inundação fluvial e que vem com tendências de aumento das ocorrências dos eventos de inundações. Por fim, aplicou-se a metodologia na região 1 (região sob influência de inundação por maré). Nessa última etapa, os atuais indicadores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística sobre as mudanças climáticas e elevação do nível do mar para o ano de 2100 foram tomados como referências. Os resultados demonstram elevada eficácia para a metodologia de avaliação e calibração de MDE, obtendo evoluções na diminuição do erro do MDE original em até aproximadamente 70%, como no caso da região 2. Além disso, os mapeamentos das inundações, nas duas áreas, demonstram grande robustez, validadas com fotos aéreas e registro em campo. Os resultados dos mapeamentos de perigo e risco a inundações são alarmantes. O trabalho comprova que os máximos anuais do nível do Rio Uruguai está em uma tendência positiva e que os eventos de inundações fluviais só irão aumentar. Foi constatado também que, aproximadamente 118,26 km2 do estuário Piranhas-Açú está em área de alto risco e risco extremamente alto a inundação por maré, e necessitando urgentemente de medidas de mitigação. Esta tese, demonstra que técnicas bem aplicadas baseadas em geotecnologias, como sensoriamento remoto, SIG e geodésia de alta precisão, proporcionam resultados que podem ser muito eficazes para a gestão ambiental. A avaliação das áreas potencialmente inundáveis pode ajudar a reduzir o impacto negativo dos eventos de inundação, apoiando o processo de planejamento do uso da terra em áreas expostas ao geoperigo em foco.