PIROMETAMORFISMO NOS ARENITOS DA FORMAÇÃO AÇU, BACIA POTIGUAR, NE DO BRASIL
Pirometamorfismo; intrusões básicas; Bacia Potiguar; NE do Brasil
Pirometamorfismo ígneo resulta de condições de altas temperaturas e baixíssimas pressões devidas à colocação de corpos básicos hipabissais em encaixantes sedimentares ou metassedimentares. A Bacia Potiguar (NE do Brasil), em sua parte continental, oferece exemplos deste tipo de metamorfismo nas proximidades e contatos de plugs, soleiras e diques de diabásios do Paleógeno e Néogeno intrusivos em arenitos e folhelhos da Formação Açu (Albiano-Cenomaniano). O efeito termal nestas rochas, foco deste trabalho, reflete-se em texturas e associações minerais que caracterizam a fácies sanidinito, com frequente fusão parcial da matriz feldspática a micácea. O líquido formado é potássico e peraluminoso, com vidro riolítico de cores variadas (incolor, amarelo, marrom, róseo) englobando microcristais de tridimita, clinoenstatita e sanidina, além de clastos de quartzo e raros zircão, estaurolita e granada. Lentes de folhelho, intercaladas nos arenitos, recristalizam cristalitos de Fe-cordierita (secaninaíta), mulita, sanidina, armalcolita (óxido de Fe e Ti) e espinélio marrom. As rochas formadas devido ao efeito termal das intrusões se chamam buchitos, sendo aqui descritos os tipos claros (protólito arenito e siltito feldspático) e escuros (protólito folhelho escuro). Texturas indicativas de que houve fusão parcial (vidro riolítico) e minerais do tipo sanidina, mulita, tridimita e armalcolita demonstram que foram atingidas temperaturas da ordem de 1.000-1.150oC, seguido por resfriamento ultrarrápido. O resfriamento do líquido intersticial tem como conseqüência o fechamento de poros e diminuição da permeabilidade dos protólitos, que passa de 17-11% nas rochas não afetadas a zero nos tipos mais transformados. Apesar de serem observados apenas nos contatos ou a pouca distância dos mesmos, o grande número de corpos básicos intrusivos na Bacia Potiguar, tanto na parte emersa como na porção oceânica, deixa em aberto a possibilidade de fortes implicações do efeito termal na exploração de hidrocarbonetos nesta área como também em outras bacias cretáceas e paleozóicas no Brasil.