O RIO GRANDE DO NORTE, O CIRCUITO ESPACIAL PRODUTIVO DE PETRÓLEO E A POLÍTICA DE DESINVESTIMENTO DA PETROBRAS: TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS
Circuito espacial produtivo; Petróleo; Rio Grande do Norte.
A partir de 2017, em meio à aceleração do processo de transição energética mundial e de uma mudança do viés político-institucional do Governo brasileiro para o perfil de extrema-direita, a Petrobras, empresa estatal brasileira, inicia um processo de redirecionamento das suas atividades produtivas estabelecendo a gestão de seus ativos com a realização de desinvestimento em áreas não prioritárias. Esse processo estabelece um marco na reestruturação do uso do território do estado do Rio Grande do Norte/Brasil, onde a produção de petróleo e gás natural iniciada desde os anos de 1970, e atualmente em declínio produtivo, havia estabelecido materialidades integrantes à realidade socioeconômica-espacial do estado. Nesse contexto, o objetivo geral do trabalho é analisar as transformações ocorridas no circuito espacial de produção de petróleo e gás natural no Rio Grande do Norte, a partir da operacionalização da política de desinvestimento da Petrobras, e os impactos na configuração territorial e no mercado de trabalho. A pesquisa se desenvolve através de um direcionamento teórico-metodológico baseado na teoria social crítica do espaço, que serve de fundamento para a operacionalização do conceito de circuito espacial produtivo, necessário à análise das modificações da materialidade geográfica impulsionada pela revaloração das combinações das técnicas no lugar. A partir dos procedimentos metodológicos utilizados, constatou-se a intrínseca relação da formação socioespacial vinculada às atividades de petróleo com o desenvolvimento da empresa Petrobras, responsável durante a maior parte de sua existência pela criação e estruturação da atividade no país, durante o regime de monopólio, e sendo em função da soberania, impulsionada pelo poder jurídico-normativo estatal. Pôde-se observar que a cada modificação normativa e a cada conjunto de ações empresariais decorrentes, a multiescalaridade geográfica do circuito investigado impõe necessidade de reconfiguração de objetos técnicos e fluxos integrados que se desdobram em dimensões locais do circuito produtivo, principal e complementares, dos seus círculos de cooperação e do mercado de trabalho.