A DIGITAL GEOGRÁFICA DO TURISMO: uma análise teórico-metodológica e conceitual de teses e dissertações, no âmbito dos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu em geografia.
Geografia. Fundamentos teórico-metodológicos. Conceitos. Análise Temática. Turismo.
Esta pesquisa analisa as principais tendências teórico-metodológicas e conceituais presentes nos estudos sobre o turismo, a partir da produção do conhecimento geográfico (teses e dissertações), fomentada no âmbito dos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu em Geografia. Paralela a essa questão, está a possibilidade de identificar a relevância do uso do conteúdo científico contido no conceito de Espaço geográfico e na sua teoria, com base na obra do geógrafo Milton Santos, verificando, com isso, a significância de um conhecimento especifico da Geografia para a construção e validação do saber em questão. O estudo classifica-se como descritivo-exploratório, dotado de um viés qualiquantitativo. Além disso, aplica-se a análise de conteúdo de Bardin (2004), análise temática indicada por Richardson (2008), além dos Programas Wordle (Nuvens de palavras) e Pajek (constituição de Redes). Como suporte analítico, tem-se a forma como o turismo se materializa no Brasil, desde 1930, gênese da atividade no país. Somada com o ordenamento dos principais subsídios teórico-metodológicos da ciência geográfica, a fim de identificar as possibilidades, pelas quais as pesquisas norteiam-se. Por tudo isso, atesta-se que, dos 63 programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu em Geografia validados no período do levantamento, 44 deles apresentaram 814 pesquisas sobre o turismo, das quais 641 são dissertações (nível mestrado) e 173 teses (nível doutorado), espacializadas por 35 Instituições de Educação Superior. De posse desses dados, entende-se que a Geografia estuda o turismo por meio das ações que ele promove nas paisagens, sobretudo naturais, revelando que o turismo brasileiro se dá, prioritariamente, pela utilização dos recursos naturais, os quais motivam os deslocamentos turísticos. E a partir dessa atuação nas paisagens, o turismo acaba transformando-as em “produtos” e “mercadorias” a serem comercializadas e consumidas, onde todo processo é mediado pelo sistema capitalista. Com isso, os principais estudos realizados pela ciência geográfica para interpretar a organização da práxis do turismo brasileiro, variam pelo viés econômico, pelo enfoque sobre o espaço geográfico, pelos impactos causados na natureza, pela busca por sustentabilidade e pela consolidação da instância social. Grande parte dessas informações são respaldadas pelo método de abordagem dialético. A ciência geográfica ainda empenha-se em desvendar o fenômeno turístico entendendo-o como fenômeno social intrínseco ao processo de desenvolvimento. Contudo, essa forma de analisar o turismo ainda se configura como minoritária, fato que justifica a pífia presença de pesquisas com base no método fenomenológico. Enquanto tema de pesquisa, o turismo não precisa ser mais nem menos importante para a Geografia. Juntamente com os demais temas, só precisa ser estimulado, em função da contribuição que pode fornecer, a fim de construir uma sociedade mais justa no futuro breve.