AVALIAÇÃO DO EFEITO NEUROPROTETOR DE POLISSACARÍDEOS SULFATADOS SOBRE CÉLULAS NERVOSAS in vitro
ALGAS MARINHAS, BIOATIVIDADE, ANTIOXIDANTE, NEUROPROTEÇÃO
As algas marinhas são fontes de produtos valiosos para os mercados alimentício, industrial, farmacêutico e nutracêutico, com destaque para os polissacarídeos sulfatados (SP). Esses compostos são importantes para a sobrevivência das algas e possuem atividades biológicas significativas, como antioxidante e anti-inflamatória. Tais propriedades podem ser úteis no tratamento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, devido ao papel do estresse oxidativo no desenvolvimento dessas doenças. Com o aumento da expectativa de vida e o crescimento previsto de condições demenciais, há uma crescente necessidade de novos tratamentos. Os SP das algas têm se mostrado uma promissora alternativa para a neuroproteção. Todavia, SP de algas tropicais ainda não foram avaliadas nesse sentido. Assim, após uma pesquisa bibliográfica com 100 espécies de algas tropicais, identificou-se 9 espécies de algas cujos SP apresentam ação antioxidante em diferentes condições. Das 43 frações ricas em SP (FRP) obtidas dessas algas, 42 FRP não apresentaram citotoxidade contra células Neuro-2A em pelo menos uma das concentrações avaliadas (0.1, 0.25, 0.5 ou 1 mg/mL). Todas as algas avaliadas tiveram FRP que protegeram as células Neuro-2A de dano oxidativo induzido por peróxido de hidrogênio. Levando em consideração os resultados dos parâmetros de rendimento, de efeito citotóxico e do potencial neuroprotetor em cultivo celular, foi possível observar que as algas marrons tiveram os melhores resultados. Com base nesses dados, foram selecionadas 4 FRP (DJ 1.2, SF 0.5, SS 1.3 e DM 1.0) para a avaliação dos possíveis mecanismos envolvidos, através da análise: do potencial de sequestro de peróxido de hidrogênio; da expressão de genes associados com vias antioxidantes (Keap1, Nfr2, Sod1, Cat, Gpx, Hmox1, Gclc, Gclm) e das subunidades do fator de transcrição NFκβ (Nfkb1 e Rela); e da capacidade de proteção antioxidante em modelo in vivo (Zebrafish). Os dados aqui obtidos demonstram que os mecanismos utilizados por essas amostras, vão desde atuação direta sobre as moléculas oxidantes, ao serem capazes de sequestrar o H2O2, até a modulação de mecanismos antioxidantes endógenos, promovendo aumento na expressão de genes relacionados a tradução de enzimas antioxidantes (SOD, CAT, GCLC, GCLM, GPx e HO-1) e redução na expressão do gene Rela (NFκβ P65), relacionado a uma resposta pró-inflamatória e pró-oxidante. Além disso, esses polissacarídeos se mostraram capazes de promover proteção contra o estresse oxidativo em modelo in vivo. Esses dados são importantes para o desenvolvimento das futuras avaliações dessas moléculas, tendo em vista que trouxeram conhecimento sobre seu potencial efeito neuroprotetor e seu comportamento antioxidante em organismos mais complexos. Dessa forma, dando direcionamento para os possíveis mecanismos empregados.