O PLANTAR A ROÇA E O SABER-FAZER NAS VAZANTES: Conhecimentos e Saberes Alimentares no Quilombo de Praia - Norte de Minas Gerais
Sistema Agroalimentar; Rio São Francisco; Norte de Minas Gerais; Vazanteiros e Quilombolas
Esta pesquisa de tese tem como objetivo central compreender o sistema agroalimentar em uma comunidade Vazanteira/Quilombola do rio São Francisco, no Norte de Minas Gerais. Analisa as práticas de conhecimentos associados ao território tradicional na caracterização do saber-fazer, na produção e no manejo dos alimentos. Como recorte empírico, este estudo é realizado no Quilombo de Praia, localizado no município de Matias Cardoso, extremo norte do estado. Esta comunidade possui uma sociobiodiversidade, um vínculo ancestral com a terra, com as vazantes e com o rio São Francisco, o que caracteriza seus modos de vida e as suas relações de pertencimento ao lugar. Os vazanteiros/quilombolas utilizam das práticas dos roçados nas vazantes em beira rio e lagoas para a produção dos alimentos, o que faz com que as relações de uso e manejo dos diferentes ambientes de paisagem, se relacionam e são influenciados diretamente pela dinâmica e cheias do rio São Francisco. Ao utilizarem essas práticas reafirmam e acionam suas identidades enquanto vazanteiros e quilombolas, utilizam mecanismos como trocas de sementes, o trabalho coletivo e expressões culturais como as “rodas de batuque” para reafirmação destas identidades. Neste estudo, pretende-se abordar e investigar o saber-fazer, os saberes ancestrais, os meios de plantar as roças, de colher os alimentos e de como estes mesmos saberes acabam se estabelecendo como uma forma de “resistência” as lutas, reivindicações territoriais e aos processos de conflitos ambientais e transformações do lugar, havendo mudanças significativas nas relações de produção alimentar na comunidade. Como estrutura principal a análise etnográfica, a observação densa, a descrição das roças, das histórias de vida dos sujeitos/atores, dos conhecimentos e saberes, as descrições das relações existentes entre na terra firme, a vazante e o rio, apontando assim para uma lógica de reprodução e prática social da vida e da identidade Vazanteira e Quilombola.