ARTE, EXISTÊNCIAS E RESISTÊNCIAS: PRODUÇÕES DE ESTADO, NAÇÃO E SUBJETIVIDADES NO CONTEXTO DE ESPETÁCULOS CÊNICOS NO IFRN
Educação Profissional; Subjetividades; Gênero e Sexualidade na Escola; Experiência e Performance; Antropologia da Educação.
Esta pesquisa busca compreender como se dá a produção de Estado, Nação e subjetividades por meio de espetáculos cênicos no espaço escolar do IFRN e quais os agenciamentos discentes nesses processos de produção. A investigação partiu da observação de espetáculos produzidos por estudantes do IFRN — Campus Mossoró, que abordavam principalmente temáticas relativas a expressões de gênero e diversidade sexual, mas também saúde mental, padrões de beleza, desigualdade social e racismo, inserindo-se em disputas que se tornaram centrais no cenário nacional sobre o papel da escola na sociedade. Tratamos a escola como uma instituição de Estado elementar no projeto de formação de sujeitos do Estado-Nação, sendo este uma abstração, um efeito, que se constrói a partir de práticas burocráticas cotidianas e de performances culturais. Os sujeitos em questão são compreendidos como constituídos nas suas relações, práticas e experiências, que podem ser significadas, transformadas e interpretadas a partir de performances artísticas. Os(as) estudantes são agentes que desenvolvem suas práticas e elaboram subjetividades em meio a disputas de narrativas e projetos de Nação, trazendo ecos de confrontos que se sobressaem na contemporaneidade, articulando suas experiências a partir de vivências familiares, movimentos sociais e outros grupos da comunidade local. Assim, debruçamo-nos sobre o processo de produção e apresentação de espetáculos cênicos no âmbito do IFRN, por meio de observação etnográfica de eventos culturais intercampi, entrevistas semiestruturadas e análise documental, aprofundadas a partir da interação com estudantes do Núcleo de Artes do campus Mossoró. Durante a pesquisa, observamos que, no IFRN, essas produções estão envolvidas nas disputas em torno da concepção de Educação Profissional, que opõem um modelo tecnicista voltado para o mercado de trabalho a uma educação integrada que visa à formação de um cidadão autônomo. Esse conflito aparece na experiência cotidiana, por meio de práticas burocráticas e documentos institucionais, os quais materializam o Estado e constroem centros e margens no processo educativo. As narrativas discentes, contudo, caracterizam as atividades artísticas como espaços significativos de formação, integração, autoconhecimento e alteridade, a partir da qual formatam existências e resistências juvenis.