Políticas terapêuticas, memória e mobilização social de pessoas vivendo com HIV do Rio Grande do Norte na era da resposta “final” à AIDS.
AIDS; Biomedicina; Pessoas Vivendo com HIV; Ativismo.
A pesquisa em andamento apresenta um estudo etnográfico com pessoas vivendo com HIV do Rio Grande do Norte, tendo como pano de fundo as atuações individuais e coletivas dessas pessoas por políticas terapêuticas mais abrangentes, constantes e modeláveis aos diferentes contextos sociais. Foram realizadas: revisão da literatura sobre a temática, pesquisa histórica do Jornal Tribuna do Norte (1979 a 1987), análise de boletins epidemiológicos e demais redes de notícia digitais, além de observações participantes em assembleia pública, passeata e breves experiências de mobilização em redes sociais digitais. Sabe-se que com a crescente implementação de tecnologias biomédicas de prevenção e cuidado: Tratamento como Prevenção (TcP), Profilaxias Pré-exposição (PrEP) e Pós-exposição (PEP), ocorre também uma centralização da Terapia Antirretroviral (TARV) em detrimento de outras estratégias como a circuncisão masculina e o tradicional uso do preservativo. Em contrapartida, denúncias feitas em portais de notícia e em pautas levantadas pelos interlocutores, mostram uma crescente instabilidade da rede de tratamento do estado em termos de políticas terapêuticas de resposta à AIDS e gerenciamento de estoque dos medicamentos. É importante entender que a suspensão (temporária ou permanente) do tratamento pela TARV, segundo interlocutores e literatura consultada, pode acarretar grandes riscos para as pessoas vivendo com HIV. Estão em jogo assuntos como a biomedicalização da saúde, violências estruturais, lógica do cuidado em dinâmicas neoliberais, projetos biossociais de direitos e promoção da cidadania pelo tratamento. Nesse sentido, esse trabalho busca compreender as dissonâncias, ruídos e disputas inscritos nas narrativas promovidas pelos interlocutores sobre a resposta à epidemia no Rio Grande do Norte.