Macroalgas verdes como recursos sustentaveis: identificacao, caracterizacao, exploracao do potencial bioativo e o desenvolvimento de materiais celulosicos a partir de Ulva sp. e Chaetomorpha sp. coletadas em Tibau do Sul, Brasil.
Macroalgas verdes, compostos bioativos, atividade antioxidante, celulose, material celulósico, sustentabilidade.
A crescente demanda por recursos sustentáveis e a necessidade de reduzir o impacto ambiental impulsionam a busca por novas fontes de matérias-primas renováveis e versáteis. Neste contexto, as macroalgas marinhas emergem como alternativas promissoras, oferecendo aplicações que variam desde a produção de alimentos funcionais até a fabricação de embalagens e materiais biodegradáveis. Este estudo investigou o potencial biotecnológico das macroalgas verdes Ulva sp. e Chaetomorpha sp., coletadas no litoral do Rio Grande do Norte, com ênfase em sua caracterização físico-química, propriedades bioativas, antioxidantes, antibacterianas e a utilização da polpa das algas frescas como materiais celulósicos. As análises físico-químicas e fitoquímicas revelaram um perfil rico em compostos bioativos, como pigmentos, fenólicos e ácidos graxos, nos extratos algais. Os extratos metanólicos demonstraram maior eficiência na extração de bioativos e superior atividade antioxidante em comparação aos extratos aquosos e etanólicos, através de uma extração combinada entre um método convencional (sólido-líquido) e alternativa (ultrassom). Os extratos metanólicos da Ulva sp. apresentaram teores de fenólicos totais superiores a 7 mg EAG/100 g do pó, enquanto a extração de pigmentos, clorofilas e carotenoides, apresentaram 73 mg/g e 17,75 mg/g, respectivamente. A análise de ácidos graxos na Ulva sp. detectou compostos essenciais, como ácido palmítico e ácido linoleico, evidenciando o potencial nutricional e funcional dessas macroalgas. Os testes de atividade antioxidante demonstraram alta capacidade de captura de radicais livres pelos métodos DPPH e ABTS, com valores de inibição acima de 20% nos extratos metanólicos, enquanto as avaliações da concentração inibitória mínima indicaram eficácia dos extratos metanólicos e etanólicos contra bactérias gram-positivas e gram-negativas. Além disso, dentre os polissacarídeos extraídos de ambas as espécies estudadas, a celulose extraída da Chaetomorpha sp. apresentou rendimento médio de aproximadamente 20%, sendo duas vezes maior do que o extraído da Ulva sp., evidenciando a capacidade de formação de protótipos de papel celulósico da Chaetomorpha sp. Esses papeis exibiram características promissoras apresentando espessura média de 0,680 mm e uma estrutura superficial com presença de fibras longas e bem organizadas, reforçando o potencial desta biomassa como material celulósico. Os resultados deste estudo evidenciam o valor das macroalgas verdes como recurso sustentável e ambientalmente responsável, e também destaca sua relevância para o avanço da bioeconomia azul, promovendo a valorização da biodiversidade marinha local e contribuindo para o desenvolvimento de soluções mais sustentáveis em diversas indústrias incluindo alimentos, embalagens, cosméticos e farmacêutica.