"Recuperação e Purificação parcial do antígeno 503 de Leishmania i. chagasi em E. coli M15 recombinante e remoção simultânea de LPS em sistemas aquosos bifásicos."
Leishmaniose, SDFA, antígeno 503, endotoxina, remoção de LPS.
O antígeno 503, uma proteína encontrada na forma amastigota de Leishmania i. chagasi, possui potencial para utilização em vacinas e testes para diagnóstico específico da leishmaniose visceral. No entanto, um problema intrínseco à purificação de proteínas é a presença de endotoxinas (LPS), componente natural de sistemas de expressão bacteriano, que provoca resposta imune quando em contato com células de defesa humanas. Neste contexto, os sistemas de duas fases aquosas (SDFA) vêm sendo utilizados na purificação de biomoléculas por apresentar vantagens como eliminar a etapa de clarificação, concentrar a molécula alvo e remover parte do LPS. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar os SDFA baseados em PEG1500 e etanol com sais (fosfato de potássio dibásico (K2HPO4) e sulfato de amônio ((NH4)2SO4)) e acetonitrila com glicose na recuperação e purificação parcial do antígeno 503 de Leishmania i. chagasi expresso em E. coli M15 e remoção simultânea de LPS. Para tal, inicialmente procedeu-se à construção de curvas binodais pelo método de titulação por ponto de nuvem a temperatura ambiente (25 ± 2 ºC). Em seguida, esses dados experimentais obtidos foram usados para o cálculo dos parâmetros da equação sugerida por Merchuk, e obtenção do comprimento das tie lines (TTL). De modo geral, observou-se uma tendência ao aumento da TLL quando se elevou a concentração do solvente orgânico. Ao aplicar o homogeneizado celular de E. coli nos SDFA, observou-se que o sistema que mais favoreceu a recuperação e concentração do antígeno 503 foi o constituído por PEG1500 e K2HPO4, atingindo um fator de purificação de 1,55 e percentual de recuperação de 116,96% na fase de topo, nas condições de 30% de PEG 1500 e 10% de sal (m/m) (ensaio P3). A remoção de LPS foi promissora para todos os sistemas avaliados, se mantendo acima de 90,0%. O ensaio P3 também se destacou na remoção desse contaminante, atingindo 99,90% de LPS removido. Deste modo, os SDFA podem ser empregados como etapa precedente à cromatografia para remoção de elevadas concentrações de LPS e aumentar o grau de pureza de proteínas recombinantes expressas em E. coli.