"Pirólise rápida de capim-elefante sob diferentes atmosferas reativas em leito fluidizado e tratamento do bio-óleo resultante."
Pirólise, bio-óleo, capim-elefante, leito fluidizado, atmosfera reativa, HZSM-5, desoxigenação.
Nos últimos anos, devido ao esgotamento progressivo dos combustíveis fósseis convencionais, fontes de energia renováveis tem desempenhado papel importante na matriz energética. Dentre tais fontes, a biomassa lignocelulósica aparece como uma opção viável, disponível e de relativamente fácil cultivo, sem competir com a produção de alimentos. A pirólise rápida destaca-se como rota de transformação de biomassa em produtos de diferentes fases (gases, bio-óleo, carvão e condensado pirolítico) com aplicações diversas.
Neste trabalho, bio-óleo foi produzido a partir do capim-elefante (Pennisetum Purpureum Schumach) em reatores de leito fluidizado com capacidades de 1,5 e 40 kg/h, sob diferentes atmosferas (ar, N2 e gases de reciclo da pirólise), na temperatura de 500°C. No leito de 1,5 kg/h, conduziu-se a pirólise sem e com a presença do catalisador HZSM-5, ambas sob N2. A pirólise sem catalisador também foi realizada com reciclo (54, 74 e 85%) dos gases. No leito de 40 kg/h, conduziu-se a pirólise sob atmosfera oxidativa moderada de ar (71% N2 e 21% O2) variando-se as configurações da coluna de lavagem dos gases (sem trocador de calor,
com trocador simples, com trocador multi-passe) e da recirculação de condensado (produtos leves) produto da reação de pirólise. Por fim, os bio-óleos obtidos dos experimentos com reciclo dos gases no leito de 1,5 kg/h foram submetidos à desoxigenação em leito de lama em 5%Pt/C. Os resultados mostraram que o reciclo dos gases ocasionou um aumento no teor de carbono de 53,96% (na pirólise sem reciclo) para 70,89% (na pirólise com 74% de reciclo) e para 77,16% (na pirólise com a HZMS-5 in situ). O teor de oxigênio diminuiu
de 39,64% para 21,76%. O poder calorífico superior (PCS) aumentou de 26,1 para 33,11 MJ/kg. Balanços de massa mostraram que 5,4 a 6,15% da biomassa foi convertida em CH4, C2H4, C2H6 e C3H8 na pirólise com reciclo dos gases. Todas as amostras de bio-óleos obtidas foram ricas em fenóis, com destaque para aquelas obtidas na atmosfera oxidativa. Os demais componentes e grupos funcionais majoritários no bio-óleo foram ácido acético, acetol, açúcares e cetonas. Baseado nos dados da dinâmica da massa da biomassa no tempo um modelo cinético (biomassa produzindo bio-óleo + condensado, carvão e gases) foi proposto e as equações diferenciais ordinárias foram implementadas na linguagem FORTRAN com o objetivo de estimar constantes cinéticas de velocidade da reação.