APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE VIVEIRO DE CAMARÕES PARA CULTIVO DE MICROALGA Synechococcus nidulans VISANDO A PRODUÇÃO DE BIOMASSA
A atividade de carcinicultura refere-se à criação de camarões e tem bastante expressividade na região do nordeste brasileiro. Para garantir o funcionamento das fazendas, necessita-se abundantemente de água, que caso seja inadequadamente descartada, pode ocasionar diversos prejuízos ambientais. Outra atividade de destaque no país trata-se do cultivo de cana-de-açúcar, que gera diversos subprodutos. Um deles é o melaço, cujos índices de açúcar e nutrientes mostram-se bastante elevados. Assim, o uso de microalgas para auxílio no tratamento de águas residuais atrelada ao processo de biorrefinaria vem ganhando destaque. Estudos mostram que o melaço de cana-de-açúcar pode ser utilizado como um suplemento econômico e eficiente para meios de cultivo de microalga, oferecendo quantidades substanciais de carbono orgânico. Este trabalho buscou avaliar o potencial de reutilização da água do viveiro de produção de camarão orgânico para diluir o meio Zarrouk (50%, 60% e 70%) e o efeito da adição de melaço, comparando com o meio Zarrouk tradicional para cultivo da cianobactéria Synechococcus nidulans, visto que meios de cultivo de baixo custo podem possibilitar produção de microalgas em grandes escalas de forma otimizada. Buscou também extrair a ficocianina, um pigmento natural presente em microalgas do gênero Synechococcus. Os cultivos foram realizados em duplicata, em condições autotróficas e mixotróficas, com fotoperíodo de 12 horas claro/escuro a 25°C e com aeração mecânica de ar. Os cultivos de Zarrouk 70% SM (Sem Melaço) e CM (Com Melaço) apresentaram de forma geral melhores resultados frente aos demais meios Zarrouk diluídos, com concentrações de biomassa de 1,1005 g L-1 ± 0,1789 g L-1 e 0,9860 g L-1 ± 0,0206 g L-1, respectivamente, porém com resultados inferiores em relação ao Zarrouk tradicional. Constatou-se que a adição de carbono no meio não interferiu de modo significativo para favorecer maior produção. O pH do meio manteve-se na faixa de de 8,27-9,92. A biomassa foi caracterizada quanto aos carboidratos, lipídios, proteína bruta e carotenoides. Os carboidratos foram favorecidos pela adição de melaço e o ensaio 70% CM chegou ao percentual máximo de 21,24% ± 4,44%, enquanto o teor de lipídios não foi afetado, de modo que apresentou os valores máximos de 36,60 % ± 0,00 % (70% SM) e 31,80 % ± 2,26 % (70% CM). O teor de proteínas também não foi afetado, com valores máximos alcançados de 21,55% ± 0,43% (70% SM) e 19,37% ± 0,56% (70% SM). Quanto ao teor de carotenoide, observou-se um ligeiro aumento da concentração nos experimentos CM, com o maior valor de 135,2238 mg g-1 ± 25,9163 mg g-1 (70% CM). Ocorreu o mesmo com a ficocianina, que foi possível de ser extraída e apresensou concentração de 1,4919 mg mL-1 ± 0,2898 mg mL-1 no ensaio 70% CM, com Pureza do Extrato (PE) de 0,29.