Estratégias de processamento e revalorização de matérias-primas derivadas de frutas para a produção de ingredientes funcionais e sustentáveis
Frutas tropicais, Ingredientes alimentares desidratados, Fitoquímicos, Sustentabilidade.
No que diz respeito especificamente à atividade agroindustrial, um volume considerável de resíduos são produzidos diariamente de Norte a Sul do país. Existem estimativas que apontam que resíduos de frutas (constituídos principalmente por peles, sementes e polpa residual) podem representar até 50% do peso da fruta original. Apesar de já ter sido amplamente demonstrado que os resíduos são fontes valiosas de compostos fitoquímicos residuais com potenciais aplicações na produção de alimentos, ainda existem poucos produtos no mercado que tiram proveito dessa matéria abundante (Aschemann-Witzel et al., 2023), especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Segundo a FAO (2023b), a fome e a desnutrição podem ser combatidas através da inovação, a qual diz respeito não apenas ao surgimento de novas tecnologias, mas também ao uso racional de produtos, procedimentos ou conformações já conhecidos e novos. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo estudar estratégias de revalorização de matérias-primas para produzir ingredientes alimentícios derivados de frutas e vegetais e avaliá-los no que diz respeito às propriedades físico-químicas, funcionais e bioativas, bioacessibilidade, assim como a viabilidade ambiental. Especificamente, técnicas de obtenção de extratos aquosos ricos em polifenóis recuperados de resíduos agroindustriais de frutas (acerola e jambolão) mediante aplicação de técnicas de extração convencional (extração sólido-líquido) e emergentes (ultrassom) foram avaliados e comparados no que diz respeito a performance e viabilidade ambiental através da ferramenta ACV (Avaliação do Ciclo de Vida). Além disso, a produção de ingredientes alimentícios do tipo proteína-polifenol foi conduzida por spray drying usando diferentes estratégias: a) polifenois recuperados de resíduo do sabugueiro (elderberry) americano complexados com isolado de proteína de soja (SPI) e amido de tapioca (TS) e b) polifenóis extraídos de folhas de alecrim ou recuperados do resíduo da uva muscadine usando a nova proteína de inseto (insect protein) ou a mistura de proteína de inseto e proteína de ervilha (pea protein isolate) como coadjuvantes de secagem. Feito isso, esses ingredientes foram caracterizados em relação a suas propriedades físico-químicas, morfológicas e bioativas, e digestão gastrointestinal simulada in vitro (bioacessibilidade dos polifenóis). Esse trabalho aborda assuntos de grande interesse mundial na área de alimentos e produz resultados científicos importantes para avanços na área de tecnologia de alimentos.