Revisão de tarifa do Sistema Elétrico Brasileiro com a aplicação do modelo de redes da Análise Envoltória de Dados - NDEA
Análise Envoltória de Dados. Setor elétrico brasileiro. Tarifas.
Eficiência. Rede de suprimentos.
O setor elétrico brasileiro tem apresentado diferentes mudanças, desde a
desverticalização das empresas até a criação do órgão regulador (Aneel - Agência
Nacional de Energia Elétrica) responsável pela regulação econômica dos segmentos de
transmissão e distribuição. Contudo, a Aneel aplica as políticas de tarifação
separadamente entre os segmentos que compõe o sistema elétrico, não considerando as
relações existentes na cadeia de suprimentos. O presente trabalho tem como objetivo
propor um novo modelo de análise de eficiência do sistema elétrico brasileiro a fim de
tornar a revisão tarifária melhor ajustada para a realidade do cenário atual. Os
segmentos do setor (geração, transmissão e distribuição) foram fundamentados por meio
de um conjunto de variáveis recorrentes na literatura para retratar os processos
realizados no sistema elétrico, no âmbito nacional e internacional. A partir disso, o
modelo conceitual considera 12 variáveis distribuídas em três dimensões: custo,
produtividade e qualidade. A amostra contempla 94 empresas, dentre as quais
segmentam: 16 empresas de geração, 28 empresas transmissoras de energia e 50
empresas distribuidoras. As Unidades Tomadoras de Decisão (Decision Making Units -
DMU) foram classificadas como os caminhos com as diferentes empresas da geração
até a distribuição de energia, de forma que a amostra totalizou em 362 DMUs. Na
condução da pesquisa, elaborou-se um modelo para avaliação do sistema elétrico com a
utilização da Análise Envoltória de Dados (DEA – Data Envelopment Analysis), com o
propósito de identificar quantitativamente o nível de eficiência da rede. De modo a
poder representar a complexidade do sistema elétrico, o modelo proposto utiliza o DEA
em redes (Network Data Envelopment Analysis – NDEA) com três estágios, cada um
simulando os segmentos do setor, para identificar os impactos entre os processos e as
causas de ineficiência. Esses estágios da rede foram avaliados para verificar a
performance das empresas em cada segmento e validar o modelo de retornos constantes
de escala, por meio dos modelos clássicos CCR em comparação com o NDRS, utilizado
pela Aneel. A partir dessa comparação entre os modelos clássicos, validou-se o uso do
modelo de retornos constantes de escala para as análises do setor. Os resultados do
modelo NDEA apontam para a adequação do método proposto realizando a análise
agregada do sistema elétrico, ao apresentar resultados mais discriminatórios que os
modelos clássicos. Obteve-se que nenhum caminho da rede observado possui as três
empresas constituintes eficientes em sua totalidade. Contudo, foi possível identificar em
quais ligações as empresas devem focar seus investimentos para alcançar melhores
desempenhos e quais redes ter como benchmarks, contribuindo para a tomada de
decisão gerencial e o planejamento eficiente das empresas. Por fim, identificou-se os
fatores exógenos que influenciam na eficiência, como a região geográfica e porte, sendo
possível então, obter diagnósticos para uma tarifação mais adequada a realidade do
setor, beneficiando tanto os consumidores, quanto as empresas e o governo.