Banca de DEFESA: JANE CIAMBELE SOUZA DA SILVA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: JANE CIAMBELE SOUZA DA SILVA
DATA: 04/04/2016
HORA: 15:30
LOCAL: Auditório do LAI
TÍTULO:

Solidariedade e Fortalecimento da Resiliência Comunitária em Situação de Desastre: o caso do bairro de Mãe Luíza, Natal – RN.


PALAVRAS-CHAVES:

Desastres; Gestão de Riscos; Solidariedade; Ergonomia Participativa; Resiliência Comunitária.


PÁGINAS: 153
GRANDE ÁREA: Engenharias
ÁREA: Engenharia de Produção
RESUMO:

A cidade de Natal possui várias áreas habitadas vulneráveis a desastres, entre as quais se encontra o bairro popular de Mãe Luíza, que possui 16.547 mil habitantes e se localiza em região de dunas, na região litorânea, vizinho ao bairro de Areia Preta, cujo m2 é o mais valorizado da cidade. As fortes chuvas (285 mm) que atingiram Natal nos dias 13 e 14 de junho de 2014, em meio ao cenário da Copa Mundial de Futebol da FIFA, provocaram no bairro de Mãe Luíza, no dia 14 de junho, enxurradas, que resultaram em alagamentos e um intenso deslizamento de terra, capaz de formar uma imensa cratera (área de 10.000 m2 e profundidade de 30 m) no solo, destruindo, totalmente, 26 casas e afetando a vida de 187 famílias. Assim como tem ocorrido em outros desastres, a população foi a primeira a agir diante dos riscos, mesmo sem possuir a capacitação adequada para este fim. A solidariedade emergiu da população e se alastrou de forma coletiva no bairro, como se constatou e geralmente ocorre nessas situações. Durante o desastre ficou explícita a fragilidade e o despreparo das organizações governamentais e não governamentais e, também, da comunidade, para lidar com a situação de crise. Infere-se que o nível de fragilidade no enfrentamento dos riscos e desastre aumenta sem a participação da população e, ainda mais, se esta não for qualificada para atuar nestas situações. Considerando o desastre como um acontecimento social, dinâmico e complexo, é fundamental compreender como as sociedades podem lidar com este fenômeno de maneira adaptativa, de maneira a aumentar a sua resiliência e reduzir os riscos e impactos provocados pelo desastre. A Organização das Nações Unidas tem promovido e implementado uma série de estratégias voltadas para a redução dos riscos de desastres no mundo, assentada na melhoria da resiliência das cidades. Em 2012, o Brasil reformulou sua política de gestão de riscos e desastres, promulgando a Lei nº 12.608, com base nestas estratégias. Esta pesquisa tem como objetivo geral “Compreender de que maneira as ações de solidariedade realizadas entre os membros da comunidade de Mãe Luíza durante as fases de mobilização, resposta e recuperação do desastre contribuem para a promoção da resiliência da comunidade”. Trata-se de uma pesquisa descritiva e explicativa, quanto aos objetivos; estudo de caso, participativa, bibliográfica e documental, quanto aos procedimentos de coleta; estudo de campo, bibliográfica e documental, quanto às fontes de informação; e qualitativa, quanto à natureza dos dados. O bairro de Mãe Luíza foi o local escolhido para a realização da pesquisa e os sujeitos da pesquisa são as vítimas de desastre, as autoridades e os agentes de proteção e defesa civil, dos órgãos governamentais e não-governamentais, envolvidos no desastre ocorrido em junho de 2014, que concordaram em participar da pesquisa. As ações de solidariedade referentes às fases de mobilização e resposta foram quantificadas, levando em consideração a porcentagem de vezes em que o tipo de ação praticada ou testemunhada foi relatada, a porcentagem por tipo de vinculo social entre a pessoa que realizou a ação e a pessoa favorecida e se a ação relatada foi bem ou mal sucedida, do ponto de vista dos próprios moradores. Os resultados mostraram que das 23 (100%) pessoas entrevistadas nenhuma relatou ações de solidariedade praticadas nas etapas de prevenção de desastre e de preparação. 8,7% das pessoas relataram ações de solidariedade realizadas ou testemunhadas na etapa de mobilização, 100% relataram ações de solidariedade realizadas na etapa de resposta e nenhuma relatou ação de solidariedade praticada ou testemunhada na etapa de recuperação. De acordo com os moradoresque participaram da pesquisa, as ações de solidariedade ocorreram espontaneamente e foram regidas pelo sentimento de amor ao próximo e de compaixão para com o sofrimento do outro, acompanhado pelo desejo de amenizar tal situação. No que diz respeito ao motivo pelo qual a pessoa teria agido solidariamente, os moradores acreditam que o amor ao próximo é também o principal motivo.Concluiu-se que o despreparo dos agentes dos órgãos municipais responsáveis pela gestão de riscos de desastres e, em consequência, dos membros da comunidade afetada, somado à ausência de um plano de contingência da cidade do Natal, contribuiu para o agravamento dos riscos existentes no bairro de Mãe Luíza, o que acabou resultando no desastre aqui estudado e fazendo com que a comunidade agisse por conta própria, solidariamente, mesmo sem a coordenação adequada - antes, durante e depois do desastre. Contudo, constatou-se que certas ações de solidariedade, praticadas por membros da comunidade, contribuíram para mitigar os riscos, minimizar os danos e amenizar os sofrimentos provocados pelo desastre, culminando, ainda, no fortalecimento dos vínculos e laços comunitários. Concluiu-se que a prática de ações de solidariedade, também voltadas para a gestão de riscos de desastres, deva ser incentivada nas comunidades, por parte dos órgãos de proteção e defesa civil municipal e estadual e das lideranças comunitárias, visando desenvolver e melhorar a resiliência comunitária e global do sistema.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - MARIA CHRISTINE WERBA SALDANHA - UFPB
Externo à Instituição - PAULO VICTOR RODRIGUES DE CARVALHO - MCTI
Externo ao Programa - 1217091 - PITAGORAS JOSE BINDE
Presidente - 1217772 - RICARDO JOSE MATOS DE CARVALHO
Notícia cadastrada em: 21/03/2016 17:14
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