O verde que abraça a Urbe: dinâmica entre infraestrutura verde e estruturas urbanasem clima quente e úmido frente a cenários climáticos futuros.
Zonas climáticas locais, infraestrutura verde, microclima, conforto térmico, simulação computacional, projeções climáticas.
O processo de expansão urbana e as mudanças climáticas acentuam os desafios térmicos em regiões tropicais, em que a diminuição das áreas verdes e da arborização intensificam o problema, ressaltando a necessidade de estratégias de mitigação e de aprimoramento da resiliência urbana, principalmente diante das projeções climáticas futuras que apontam agravamento dos impactos térmicos. Esta pesquisa aborda a interação entre infraestrutura verde urbana (IVU) e a dinâmica urbana em clima quente e úmido de baixa latitude, com ênfase nas projeções climáticas para os anos de 2050 e 2090. O estudo contribui para suprir uma lacuna existente ao investigar, por meio de simulação computacional, o comportamento microclimático e o conforto térmico em cenários hipotéticos, considerando diferentes configurações de IVU e parâmetros urbanísticos. As estruturas urbanas analisadas fundamentam-se na categorização das Zonas Climáticas Locais (ZCL), proposta e sistematizada por Stewart e Oke (2012). A metodologia estruturou-se em etapas que compreenderam a caracterização das ZCL, a obtenção e análise de dados climáticos, a elaboração de cenários hipotéticos com diversos arranjos de IVU e a apreciação das condições microclimáticas e conforto térmico, considerando parâmetros urbanísticos. Os resultados parciais evidenciam que a integração de IVU promoveu reduções na temperatura do ar, em até 0,6°C nos horários de maior insolação, sobretudo em áreas arborizadas. Houve um aumento da umidade relativa do ar, em torno de 2%, especialmente em locais com maior cobertura vegetal. A velocidade do ar reduziu em até 0,7 m/s nas áreas mais protegidas pela vegetação. Observou-se uma redução significativa da temperatura radiante média em torno de 8ºC. O índice de conforto térmico PET apresentou melhora expressiva com reduções de até 6°C nos horários mais quentes, apontando avanços nas condições de conforto nas áreas urbanas. A disposição espacial e a orientação das intervenções se revelaram fatores determinantes para a qualidade do microclima, sendo que fachadas verdes orientadas no eixo Leste-Oeste e arborização em áreas abertas que favorecem condições térmicas mais adequadas. As evidências podem oferecer subsídios relevantes para o aprofundamento das discussões sobre estratégias sustentáveis de mitigação do calor em regiões tropicais de baixa latitude, evidenciando as soluções urbanas baseadas na natureza como instrumentos de apoio à formulação de políticas públicas de desenvolvimento urbano resiliente e sustentável. A pesquisa em andamento reforçou a relevância da integração entre planejamento urbano e IVU para a promoção do conforto térmico nas cidades.