CIDADE EM CENA: Arte, memória e resistência no Centro Histórico de Natal
Centro Histórico de Natal; Movimentos Culturais; Apropriação do Espaço; Políticas de Preservação; Requalificação
A pesquisa investiga a dinâmica de uso e apropriação do espaço urbano no Centro Histórico de Natal (CHN), tendo como foco a contribuição de iniciativas de movimentos culturais e artísticos para a preservação, valorização e ressignificação da área enquanto patrimônio cultural. O objetivo central é analisar como essas ações autônomas se relacionam (dialogam, tensionam ou se contrapõem) às políticas oficiais de preservação e às intervenções urbanas promovidas pelo poder público a partir de 2010. A pesquisa se fundamenta na teoria crítica da produção do espaço e nas discussões sobre patrimônio, cultura e requalificação urbana, utilizando uma abordagem qualitativa e exploratória. Os procedimentos metodológicos incluíram mapeamento e análise documental dos movimentos culturais emergentes no CHN desde 2010, observação em campo para investigar as formas de apropriação dos espaços de valor patrimonial, e a realização de entrevistas com produtores culturais para captar suas percepções e experiências. A atuação dos movimentos culturais constitui uma modalidade de requalificação orgânica, conferindo valor simbólico e social ao CHN por meio da resistência cultural e da ressignificação identitária dos lugares. No entanto, a análise evidencia uma complexa relação de encontros e desencontros com as políticas públicas. Embora haja convergência no objetivo de valorizar o Centro, as práticas culturais autônomas frequentemente entram em tensão com os discursos oficiais de "revitalização" pautados em lógicas mercadológicas, que tendem a invisibilizar e, por vezes, expulsar as dinâmicas sociais mais espontâneas. Dessa forma, a preservação do Centro Histórico de Natal demanda o reconhecimento e a integração das práticas culturais autônomas como elementos centrais na gestão patrimonial, propondo-se um modelo de governança cultural e urbana mais participativo, capaz de balancear a conservação material com a vitalidade social.