DECIDINDO PROCESSOS, JULGANDO ESPACOS: O principio do acesso a justica na arquitetura forense
Arquitetura judiciária, Acesso à justiça, Usos do espaço, Sintaxe do Espaço.
A tese trata de relações entre arquitetura forense e usos do espaço, tendo como casos empíricos os edifícios
da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte - Brasil. Fundamenta-se na Teoria da Sintaxe do Espaço, para
quem a arquitetura cria as estruturas espaciais em que vivemos e nos movimentamos, atuando, em certas
circunstâncias, como geradora de relações sociais mediante efeitos de propriedades espaciais que modulam
movimento, encontros e evitamentos (Hillier, Hanson, 1984). Sabendo-se que a Justiça Federal vem
empregando diversas ações com o propósito de tornar-se mais acessível, buscou-se conhecer qual seria a
participação da arquitetura nesse processo e em que medida ancora o princípio do acesso à Justiça. A
pesquisa teve como fontes plantas baixas dos edifícios da Seção Judiciária, cedidas pelo órgão em 2021,
donde extraímos dados do arranjo do espaço, quanto às naturezas geométrica e topológica, e levantamento
do programa arquitetônico. Também foram utilizadas informações de registros de visitação aos ambientes
dos edifícios. Resultados obtidos motivaram e embasaram a elaboração de questionário para aplicação junto
a usuários dos prédios, com o objetivo de verificar o nível de consonância entre resultados obtidos e a
percepção dos utentes das edificações estudadas. A análise dos dados indicou que o edifício judiciário não
é condizente com o princípio do acesso à justiça, por apresentar estruturas espaciais de separação de
usuários, hierarquização, e marcante segregação do(a) magistrado(a) e seu entorno. Embora tenha
apresentado pontos positivos na acessibilidade administrativa e social, nas estruturas espaciais analisadas,
não há evidências de que o edifício judiciário aproxima a justiça da comunidade, visão essa percebida por
usuários que não compõem o quadro de funcionários locados nos edifícios e, portanto, não exercem
qualquer controle sobre seus acessos – os aqui chamados Visitantes. Os resultados do estudo confirmam
dados encontrados em pesquisas acadêmicas que indicam características de segregação, poder, hierarquia
e controle em edifícios forenses.