VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SAÚDE MENTAL: (RE) PENSANDO O CUIDADO ÀS USUÁRIAS DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO SERTÃO POTIGUAR
Saúde Mental. Violência contra a mulher. CAPS.
A relação entre o Acolhimento em serviços de saúde e o debate de gênero é uma crescente discussão no campo da Saúde Coletiva. A violência contra a mulher constitui-se em fenômeno social persistente, multiforme e articulado por facetas psicológica, moral e física. Este reconhecimento por trabalhadores (as) de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) deve ser considerado como condição fundamental para a qualidade da assistência prestada. Esta dissertação tem como objetivo geral analisar as práticas de Acolhimento dos profissionais do CAPS de um município do interior do Rio Grande do Norte, no cuidado em saúde mental às mulheres em situação de violência. Trata-se de uma pesquisa-ação, de natureza descritiva exploratória com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados em dois momentos distintos, a saber: i) questionário aberto; ii) roda de conversa. Na primeira etapa da coleta de dados um questionário impresso foi entregue para todos os trabalhadores do CAPS abordando temáticas acerca da prática do Acolhimento à mulheres vítimas de violência. Estes dados foram trabalhados para a construção de uma narrativa comum a ser apresentada como dispardora da Roda de Conversa como segundo momento da coleta de dados. Os resultados foram organizados a partir da análise das implicações aliados à análise de conteúdo temática. Foram criados três núcleos de sentido - Identificação das mulheres vítimas de violência, Acolhimento reduzido à técnica alienada, Educação permanente e os nós críticos para atendimento às mulheres vítimas de violência. Os resultados revelam uma mirada negativa acerca do cuidado oferecido pelo CAPS a mulheres vítimas de violência. O Acolhimento enquanto estratégia praxiológica no cuidado humano não é realizado de maneira qualificada se resumindo a um check-list de perguntas que não permite identificar o sofrimento de mulheres vítimas de violência. Os trabalhadores deste equipamento de saúde se colocam de maneira técnica em relação ao cuidado que se encerra na identificação verbal da violência para encaminhamentos para outros equipamentos. É notória a necessidade de Educação Permanente e a construção de uma Linha de Cuidado para qualificar a atençãoà mulheres vítimas de violência no CAPS que têm suas queixas não verbais invisibilizadas, o que demonstra uma estrutura funcional no trabalho da equipe, frágil em relação a questões de gênero.