O curso de graduação em Medicina da UFRN tem seus objetivos pautados nas últimas DCNs (2014) com formação voltada para a Atenção à Saúde em todos os seus níveis, a Gestão e Educação em Saúde que prevê uma formação generalista, humanista, crítico e reflexivo, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano.
Em consonância com o PDI da UFRN o currículo do curso deverá compreender um conjunto de conhecimentos, valores, atitudes e experiências para a aprendizagem do estudante, implicando na construção de identidades pessoais, profissionais, cujo processo se faz pela multiplicidade de práticas intencionais e organizadas no campo educacional em todos os níveis e modalidades de formação humana. Na UFRN, a formação se constitui através de atividades de ensino, pesquisa e extensão, entendidas como um contexto de trabalho plural, inclusivo e emancipatório de aprendizagens individuais e coletivas que valorizam a produção de uma pluralidade de conhecimentos pelo propósito de uma formação acadêmica e profissional de qualidade e relevância social.
A concepção atual para o processo educacional considera que o ensino não pode mais ser reduzido à “aulificação” do saber, antes fortemente centrado na ótica docente. Este deve deslocar seu foco para a mediação no processo de apropriação dos saberes, estabelecendo interações e trocas fundamentais entre professores e alunos em uma dinâmica curricular interdisciplinar e
multirreferenciada. Deve ser ofertado ao aluno oportunidade diversificada de cenários de aprendizagem que incluam, além da atividade teórica em sala de aula, atividades práticas nos diferentes níveis de atenção à saúde, da atenção básica ao hospital terciário. Outro aspecto da nova concepção do processo educacional é o entendimento de que a formação superior envolve necessariamente o estudo individual, cuja duração excede em muito o trabalho acadêmico efetivo previsto nos projetos pedagógicos dos cursos. Apesar da tradicional estrutura curricular do curso de medicina da UFRN, a incorporação de metodologias ativas de ensino aprendizagem e avaliação que vem sendo feita nos últimos anos, foi decisiva para a classificação do curso como “escola Inovadora com tendência Tradicional”, no último processo de avaliação da ABEM – Associação Brasileira de Educação
Médica: AVALIAÇÃO DE TENDÊNCIAS DE MUDANÇAS NO CURSO DE GRADUAÇÃO DAS ESCOLAS BRASILEIRAS DA ÁREA DA SAÚDE, no ano de 2013.
A organização curricular está organizada em módulos, blocos, disciplinas e atividades semestrais. Para que estes não se constituam unidades isoladas, serão permeados pela realização de atividades integradoras que busquem as dimensões biológica, psicológica, histórica, social e ambiental do ser humano.
Pretende-se que a estrutura curricular proposta estimule docentes e estudantes a trabalharem os conteúdos de forma integrada sempre que possível, contemplando uma visão social, preventiva, curativa e de promoção de saúde em cada passo do processo. Portanto, o desenvolvimento dos componentes dar-se-á de forma integrada, com participação de profissionais que atuem em especialidades pertinentes às necessidades de ensino aprendizagem, conduzindo os temas de forma interdisciplinar e multiprofissional. A metodologia utilizada privilegia a participação ativa do aluno na construção do conhecimento e a integração entre os conteúdos, além de estimular a interação entre o ensino, a pesquisa e a extensão. As unidades de ensino- aprendizagem contemplam diferentes cenários, e o curso será desenvolvido de forma a permitir ao aluno conhecer ativamente situações variadas de viver a vida, organizar cuidados à saúde e trabalhar em equipes multiprofissionais, dentro e fora da instituição universitária. A interação ativa do aluno com usuários e profissionais de saúde deverá ocorrer desde o início do processo de sua formação acadêmica, proporcionando-lhe lidar com problemas reais, assumindo responsabilidades crescentes, como agente prestador de cuidados, compatíveis com o seu grau de autonomia.
Este Projeto Pedagógico contempla a importância do uso de procedimentos de ensino, métodos, técnicas, dinâmicas de grupo, trabalhos individuais e em grupo. Algumas técnicas recomendadas são: aula expositiva dialogada, método de projeto, estudo dirigido, estudo de caso, simulação, problematização, mapa conceitual, ensino baseado em equipes (TBL – team based learning), demonstração, simpósio, seminário, painel, dramatização, júri simulado, videoconferência, vídeos e de outros meios educativos de ensino, voltados para o desenvolvimento das competências, habilidades, atitudes e valores necessários à formação geral do médico na UFRN.
O internato constitui-se em etapa fundamental para o aprendizado de habilidades e atitudes, no qual privilegia-se as atividades práticas sob supervisão, a serem desenvolvidas na rede de saúde. A carga teórica do internato não deve ser superior a 20% da carga horária total do estágio.
O caráter inovador e flexível deste PPC requer a continuidade dos programas de educação permanente, através do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde (MPES) e dos programas de desenvolvimento docente realizados pela coordenação do curso em parceria com o Programa de Atualização Pedagógica – PAP da UFRN. Ressalte-se a necessidade de capacitar os docentes para uso de simulação realística em laboratório de habilidades, tendo em vista o crescente avanço tecnológico e o potencial pedagógico deste recurso
A avaliação do estudante durante o curso é abrangente, incidindo sobre toda a variedade de atributos que compõem a sua formação pessoal e profissional. Os atributos que devem ser priorizados na avaliação são elementos cognitivos, habilidades e atitudes, bem como as competências clínicas, de gerenciamento e de tomada de decisões. A avaliação das competências clínicas, em especial, é cuidadosamente planejada e executada, uma vez que envolve os usuários da atenção à saúde que participam do processo formativo do estudante. Devem também ser avaliadas as capacidades de se relacionar com o outro, de exercer a autoavaliação de forma crítica e reflexiva, e de se educar permanentemente (“aprender a aprender”). As avaliações têm por base a verificação da aprendizagem das competências,
habilidades e atitudes estabelecidas e seguem o Regulamento dos Cursos de Graduação da UFRN.
A variedade de atributos que são avaliados demanda o emprego de métodos diversos, que devem ser adequadamente selecionados, tendo em vista a qualidade das informações que fornecem. Não se deve perder de vista que as informações obtidas na avaliação do estudante vão também refletir a eficácia do processo educativo e o próprio desempenho do professor. A utilização de diversos métodos fornece informações diferentes que, conjuntamente, permitem melhor visualização situacional do processo educativo. A escolha dos diversos métodos deve levar em conta os atributos a serem avaliados, os objetivos educacionais, os cenários de atuação do aprendizado e o melhor momento de aplicação, bem como a qualidade intrínseca dos
instrumentos, em termos de validade e fidedignidade.
Neste Projeto, estimula-se o reforço à mudança que já vem ocorrendo no sistema de avaliação do curso, que deve ser coerente com o projeto pedagógico, refletindo a natureza interdisciplinar e integrada do currículo proposto. A avaliação do aluno deverá ser, sistematicamente, formativa e somativa. Avaliação Formativa: visa acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, propondo-se, para tal, a utilização da seguinte estratégia:
a. Teste de progresso: elaborado para fornecer uma avaliação longitudinal do progresso do aluno durante o curso, em todas as áreas da ciência médica pertinente à formação profissional. O mesmo teste vem sendo aplicado a todos os alunos do curso de Medicina (1° ao 6° ano), desde o ano de 2010. A realização do teste de progresso é determinada pelo colegiado e o resultado não entra no cômputo da nota final do aluno, mas serve para sua autoavaliação, bem como para avaliação do curso. Avaliação Somativa: visa identificar a aprendizagem efetivamente ocorrida, e envolve as seguintes estratégias:
a. Avaliação cognitiva: é a avaliação do conhecimento adquirido. Recomenda-se que, na avaliação dos aspectos cognitivos, se tenha o cuidado de utilizar, na elaboração das questões, situações-problema ou casos clínicos que contextualizem a aplicação do conteúdo a ser avaliado, garantindo maior significação aos conhecimentos adquiridos. Recomenda-se a discussão da prova de forma sistemática, ampliando as oportunidades de aprendizado. Exemplos:
Testes Objetivos de Múltipla Escolha, Questões subjetivas (com “espelho” de respostas), etc.
b. Avaliação prática baseada no desempenho clínico: recomenda-se a utilização de métodos de avaliação para medir habilidades clínicas específicas 84 e atitudes. O método que mais vem sendo usado em nosso curso, desde 2009, é o Exame Clínico Objetivo Estruturado (Objective Structured Clinical Examination -OSCE), organizado com base em um número variado de estações e o emprego de diversos recursos como pacientes simulados (atores ou pacientes treinados), manequins, exames laboratoriais e de imagem, imagens de fotos, vídeos etc. O método se baseia na simulação de algum momento do atendimento, incluindo desde a habilidade de comunicação até a realização de procedimentos, tendo cada estação a duração de aproximadamente 5-10minutos. A avaliação é feita pelo professor/preceptor através de um checklist, previamente elaborado pelos responsáveis pela avaliação. Outro instrumento que, também, já vem sendo bastante utilizado como avaliação prática é o Mini CEX (Mini Clinical Evaluation Exercise), instrumento de observação direta de desempenho, que permite ao professor avaliar o estudante enquanto este realiza uma consulta, focada em determinada necessidade do paciente real. Sua principal característica é reproduzir da maneira mais fiel possível, a rotina do profissional em seu local de trabalho. Tem a vantagem de não interferir na rotina do serviço, não usa o paciente como objeto de ensino e consegue identificar e corrigir deficiências de desempenho. Ambos os instrumentos permitem o feedback imediato, onde o docente conversa com o estudante sobre suas falhas e acertos, configurando-se numa avaliação eminentemente formativa. Como, em nossa instituição, o aluno precisa de uma nota para aprovação, estipula- se, também, um escore para pontuação.
O resultado da avaliação do processo ensino-aprendizagem deve ser claro e objetivo para apontar os pontos fortes e as necessidades de melhoria, propondo as mudanças necessárias para atingir os objetivos do curso e formar pela UFRN, o médico que a sociedade necessita. os procedimentos de acompanhamento e de avaliação, utilizados nos processos de ensino-aprendizagem, atendem à concepção do curso e permitem o desenvolvimento e a autonomia do discente de forma contínua e efetiva, resultando em informações sistematizadas e disponibilizadas aos estudantes, com mecanismos que garantam sua natureza formativa, sendo adotadas ações concretas para a melhoria da aprendizagem em função das avaliações realizadas.
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