Expressão de VEGF-C, VEGFR-3, HIF-1α e mensuração da densidade linfática em carcinomas epidermóides de lábio inferior metastáticos e não-metastáticos: uma relação com parâmetros clínico-patológicos
Carcinoma epidermóide; lábio inferior; Linfangiogênese; Fator induzido por hipóxia tumoral 1; Imuno-histoquímica.
O carcinoma epidermóide de lábio inferior está entre as lesões malignas mais comuns da região oral e maxilofacial, com prognóstico bom, em mais de 90% dos pacientes com sobrevida de 5 anos. Nestas lesões, o desenvolvimento de metástase linfonodal diminui sobremaneira o prognóstico e tem sido associado à formação de novos vasos linfáticos. Tem sido sugerido o importante papel do fator de crescimento endotelial vascular-C (VEGF-C), do receptor tipo 3 do VEGF (VEGFR-3) e do fator 1 induzido por hipóxia (HIF-1) neste processo. O objetivo desta pesquisa foi avaliar as imunoexpressões de VEGF-C, VEGFR-3 e HIF-1α correlacionando-as com a densidade linfática intra e peritumoral em carcinomas epidermóides de lábio inferior metastáticos e não-metastáticos. A amostra foi constituída por 50 casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior, dos quais 25 apresentavam metástase linfonodal regional e 25, ausência de metástase. Foram avaliados os percentuais de células imunomarcadas para os anticorpos anti-VEGF-C, anti-VEGFR-3 e anti-HIF-1α, no front de invasão e no centro tumoral. A densidade microvascular linfática (LMVD) foi estabelecida por meio da soma da contagem de microvasos linfáticos imunomarcados pelo anticorpo anti-D2-40, em cinco campo (200×), em uma área de avaliação com 0,7386 mm2. A invasão dos vasos linfáticos por células neoplásicas também foi avaliada. Estes resultados foram relacionados com a presença e ausência de metástase, estadiamento clínico TNM, recidiva local, desfecho da doença (remissão da lesão ou óbito dos pacientes) e gradação histológica. Os vasos linfáticos intra e peritumorais demonstraram arquitetura fina e lúmen inconspícuo. A análise das densidades linfáticas intra e peritumorais não demonstrou associação significativa com os parâmetros clinicopatológicos, prognósticos e imunoexpressões de VEGF-C, VEGFR-3 e HIF-1α (p > 0,05). Houve fraca correlação positiva, estatisticamente significativa, entre as densidades linfáticas intra e peritumorais (r = 0,405; p = 0,004). O VEGF-C não exibiu associação significativa entre os parâmetros clinicopatológicos e prognósticos avaliados (p > 0,05). Para o VEGFR-3, houve escassa marcação membranar e intensa e homogênea marcação citoplasmática nas células neoplásicas. O percentual de positividade citoplasmática do VEGFR-3, no centro tumoral, exibiu associação estatisticamente significativa com a presença de metástase (p = 0,009), óbito dos pacientes (p = 0,008) e gradações histológicas de malignidade proposta por Bryne et al. (1992) (p = 0,002) e pela OMS (CARDESA et al., 2005) (p = 0,003). Uma fraca correlação positiva, estatisticamente significativa, entre a imunoexpressão de VEGF-C e VEGFR-3 citoplasmática (r = 0,358; p = 0,011) e entre os percentuais de positividade citoplasmática de VEGFR-3 no front de invasão e no centro tumoral (r = 0,387; p = 0,005) também foi demonstrado. O HIF-1α exibiu predomínio de marcação citoplasmática difusa, em periferia e centro tumoral. Não foi observada associação entre o HIF-1α os parâmetros clinicopatológicos, prognósticos e o VEGF-C e VEGFR-3. O percentual de positividade nuclear para HIF-1α foi significativamente maior nos casos sem invasão dos linfáticos peritumorais (p = 0,040). Com base nos resultados pode-se concluir que a maior expressão citoplasmática de VEGFR-3, no centro tumoral, nos casos metastáticos, de alto grau de malignidade e pobremente diferenciados, contribui para pior evolução dos carcinomas epidermóides de lábio inferior, incluindo o óbito dos pacientes. As densidades linfáticas intra e peritumorais parecem não estar associadas ao densenvolvimento de metástase linfonodal nestes carcinomas.