A CONSTRUÇÃO DO CORPO A PARTIR DAS PRÁTICAS CORPORAIS NO CONTEXTO DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL III
Práticas Corporais. Corpo. Atenção Psicossocial. Saúde.
Este trabalho dissertativo aproximou as relações da construção do corpo a partir das práticas corporais desenvolvidas em um Centro de Atenção Psicossocial III do interior cearense. Para isso, objetivou-se de modo geral compreender sobre essa construção do corpo com vistas também à identificação de relações com o cuidado em saúde dos sujeitos. Buscou-se, ainda, mapear as práticas corporais desenvolvidas no CAPS III; identificar as contribuições das práticas corporais para a construção do corpo dos usuários praticantes; e discutir essas contribuições da construção do corpo para o cuidado em saúde. Utilizou-se a entrevista semiestruturada com seis usuários praticantes seguindo um roteiro com dez questionamentos sobre corpo relacionado às práticas corporais, como: mudanças, sentimentos, percepções sobre si etc. Além disso, foram utilizadas fotos, vídeos e o uso do diário de campo, fundamental na inserção do pesquisador pelo período de maio a agosto de 2019. Os seis usuários são os considerados semi-intensivos do serviço, e participam de diferentes práticas corporais em seus cuidados, as quais tinham responsabilidade de profissionais diversos: Pedagogo, Enfermeiro, Assistente Social, Psicólogo, Educação Física e Terapeuta Ocupacional juntamente com Artesãos. Para interpretação dos discursos, apropriou-se da fenomenologia em Merleau-Ponty, mais especificamente o fenômeno situado, a qual enfatiza quatro temas básicos: o mundo vivido, a redução fenomenológica, a intencionalidade e a descrição fenomenológica. Desse modo, o trabalho está dividido da seguinte maneira: No primeiro Capítulo tratamos sobre os Aspectos históricos sobre a Saúde Mental e as relações com a construção do corpo, que se refere em como a imagem do corpo “louco” foi construído, suas rupturas e continuidades até a atualidade. O segundo Capítulo abordou considerações históricas sobre a região do estudo em específico permitindo delimitar o CAPS dessa pesquisa, seguido de um mapeamento das práticas corporais lá desenvolvidas. O terceiro Capítulo enfatiza as Práticas Corporais e a Construção do Corpo a partir da escuta, e possui três unidades de significados: A construção do corpo medicamentado; A Construção do Corpo pelo Prazer/Divertimento; e A Construção do Corpo Participativo. De modo geral, notamos que as práticas corporais tem um papel fundamental na construção do corpo individual e social dos sujeitos. Os apontamentos sugerem que o CAPS e suas práticas observadas buscam potencializar os corpos a partir de suas formas de ser e enxergar o mundo. Ou seja, procuram proporcionar experiências aos corpos com objetivos de que os sujeitos se reconheçam a partir de seus modos de ser na realidade atual, contribuindo para a sua reinserção social, tendo em vista que utilizam os conhecimentos apreendidos pelo corpo em movimento para outros contextos sociais, embora ainda limitados e controlados ora pelo próprio serviço, ora pelos familiares.