A Voz das Ruas e a rearticulação da ideologia conservadora
Movimentos de Junho; Lulismo; Hegemonia; Política Brasileira.
Os Movimentos de junho de 2013, compreendidos como momento das disputas hegemônicas em curso no Brasil, são o objeto deste estudo, no qual pretende-se identificar as forças políticas e sociais que concorreram para sua direção, relacionando-os a seus respectivos projetos e ideologias. Busca-se ainda compreender que determinações de tais movimentos foram efetivas em seu decurso e como se deu o agendamento dos temas que os polarizaram. Para as constatações pretendidas, procede-se à revisão crítica de autores fundamentais para a compreensão não apenas destes movimentos sociais, como da realidade social e política do Brasil contemporâneo, além da análise de documentos políticos, opinativos e noticiosos veiculados pela mídia e por organizações políticas. Vale-se ainda do aporte de pesquisas de diversos institutos e de dados sócio-econômicos do IBGE. As categorias e conceitos do marxismo surgem aqui como aporte teórico da discussão, notadamente o materialismo histórico e as categorias da sociologia política gramsciana. Com efeito, defende-se a hipótese de que durante o processo de disputa pela direção intelectual e moral das mobilizações de junho de 2013, houve a emergência em cena de determinada ideologia conservadora, com base social na classe média - esforço que teve como principal agente os veículos da mídia hegemônica que atuaram no sentido de um partido político, constituindo-se em aparelhos privados de hegemonia de uma classe e suas frações. A ação destes veículos se valeu de pressupostos daquilo a que chamam novos movimentos sociais, notadamente sua rejeição a organizações e programas políticos, para alçar-se à condição dirigente dos protestos durante determinado período em que fez da corrupção o tema central dos esforços por encetar o Governo Federal no escopo das manifestações. Dada a grandeza das forças e dos interesses que entraram em jogo, o presente estudo contribui para o debate acerca da atualidade brasileira e suas perspectivas, que têm nos Movimentos de Junho um marco tanto político quanto ideológico.