AVALIAÇÃO DO ALVO PREDITO DA PLUMIERIDINA EM Cryptococcus neoformans var. grubii H99
Cryptococcus neoformans; plumieridina; iridoide; antifúngico; bioinformática; triagem virtual; alvo de drogas, quitinase.
Criptococose é uma infecção fúngica causada por leveduras de Cryptococcus spp. A infecção inicia-se quando células dessecadas ou esporos são inalados e chegam aos pulmões. Se a doença não for propriamente tratada, a infecção pode evoluir e atingir o sistema nervoso central e resultar em meningite meningocócica e até em óbito. O tratamento da criptococose é realizado em três estágios e faz uso de três drogas: fluconazol, anfotericina B e 5-flucitosina. Embora eficaz, o uso destas drogas pode resultar em resistência fúngica e toxicidade para os pacientes. Propõe-se investigar o modo de ação do composto antifúngico plumieridina bem como a identificação do seu alvo molecular em C. neoformans. Para isso, realizou-se uma série de experimentos in vitro e in silico. Inicialmente, uma fração cromatográfica contendo plumieridina foi obtida do extrato aquoso das sementes de Allamanda polyantha e a presença do composto observada através de ressonância magnética nuclear de carbono e hidrogênio. Atividade antifúngica, avaliada através de MIC, foi de 0.250 mg/mL. Através da triagem virtual baseada na similaridade do ligante, quitinase foi identificada como alvo molecular da plumieridina. Modelos tridimencionais das quitinases de C. neoformans foram criados e, através do atracamento molecular, observa-se a interação com resíduos do sítio ativo. Ensaios de inibição da atividade quitinolítica mostram que a atividade é significativamente reduzida na fração secretada e fração celular solúvel, porém, a atividade quitinolítica é pouco reduzida pela presença de plumieridina na fração celular insolúvel, onde são necessárias maiores concentrações do composto. Embora plumieridina seja capaz de inibir a atividade quitinolítica, o composto não parece estar relacionado aos níveis transcricionais das quitinases de C. neoformans, alterando os níveis apenas de CHI22. O tratamento com plumieridina ainda altera o padrão de distribuição dos quitooligômeros na parece celular: de um padrão polarizado para um padrão difuso pela parede. Os resultados confirmam a predição da triagem virtual e mostram que a inibição da atividade quitinolítica pela plumieridina resulta em divisão celular incompleta e, consequente, morte celular.