Guerra de narrativas sobre a Ditadura Militar: os usos da memória no ensino
de História.
Ditadura Militar. Guerra de Narrativas. Memória. Ensino de História.
História Local.
A proposta deste trabalho é abordar as Guerras de Narrativas sobre a Ditadura
Militar que encontramos na internet, mas que vem sendo construída já algum tempo
pelos militares. Por estar inserido na História do Tempo Presente, e pela sua
característica polêmica, a Ditadura Militar está suscetível à revisionismos e
negações, gerando um grande debate público à seu respeito. Boa parte dessas
narrativas ganharam espaço com o crescimento de uma “nova direita”
essencialmente a partir dos protestos de junho de 2013 e por causa dos trabalhos
desenvolvidos pelas Comissões da Verdade em todo o país. Tais narrativas
construídas sem rigor científico são ecoadas no espaço escolar e prejudicam a
aprendizagem histórica dos alunos. Buscando desenvolver a criticidade dos
estudantes diante das fontes, proponho um trabalho em ensino de história, inserido
no campo da história política que aborde os aspectos relacionados às guerras de
narrativas sobre a Ditadura. Para isso, foram acessadas memórias de militares e
perseguidos. Utilizo-me do recurso da memória como fonte, ancorado no conceito de
memória coletiva e na teoria da Análise do Discurso como caminho para analisá-las.
O tema é abordado principalmente, mas não exclusivamente, na perspectiva da
História Local, devido a constatação do pouco conhecimento dos meus alunos em
relação a esses fatos no Rio Grande do Norte e pelos livros didáticos abordarem o
tema concentrando-se na região Sudeste. Relatos orais foram usados como fonte de
pesquisa, somados à documentos oficiais e à pesquisa bibliográfica. As memórias e
narrativas contra a Ditadura foram acessadas por meio de depoimentos gravados e
disponibilizados pelo Programa Memória Viva da TVU (UFRN), pelo Centro de
Direitos Humanos e Memória Popular, Centro de Pesquisa e Documentação
(CPDOC), além dos relatórios da Comissão Nacional da Verdade, da Comissão da
Verdade da UFRN e do Projeto Brasil Nunca Mais. As narrativas e memórias de
relativização ou defesa da Ditadura foram acessadas por meio do projeto de história
oral do Exército, 31 de março – o movimento revolucionário e sua história, do livro A
verdade sufocada, da produção do Brasil Paralelo, 1964 – O Brasil entre armas e
livros, do site do Grupo Inconfidência e em vídeos publicados no canal de
compartilhamento de vídeo Youtube.