MATEMÁTICA E FAKE NEWS: REFLEXÕES DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
SOBRE CONSUMO DE NOTÍCIAS
Palavras-chaves: Desinformação. Educação Matemática. Educação Midiática. Pós-
verdade.
A matemática tradicionalmente é apresentada como um conhecimento pouco
acessível, estritamente lógico, racional e neutro, sendo constantemente
negligenciadas suas implicações políticas no âmbito escolar e social. Em um
período de pós-verdade, no qual fatos objetivos influenciam menos a opinião
pública do que apelos emocionais, grupos propagadores de desinformação,
geralmente com interesses econômicos e políticos, tentam manipular a opinião
pública e deslegitimar conhecimentos científicos já esgotados. Com muita
frequência esses movimentos propagam teorias conspiratórias intrinsicamente
relacionadas com questões quantitativas e essas ações podem impactar diretamente
no bom funcionamento das instituições democráticas. Nesse contexto, elaboramos
nossa questão de pesquisa: quais possíveis contribuições da Educação Matemática
na interpretação de notícias em um período de pós-verdade? Para responder esse
questionamento, delimitamos como objetivo geral analisar as principais notícias
falsas que foram amplamente disseminadas em redes sociais entre os anos de 2016
e 2021. Por se configurar como pesquisa documental, utilizaremos a teoria de Le
Goff (2003) para analisar, com um olhar na História do Tempo Presente, esses
documentos intencionalmente fabricados, cujo objetivo é manipular a opinião
pública. Utilizamos o Google Trends para localizar as maiores tendências de busca
do termo Fake News na internet e as identificamos com o auxílio das principais
plataformas nacionais de checagem de fatos, também conhecidas como fact-
checking. Como resultado, categorizamos os conhecimentos matemáticos que
estão relacionados com as principais fake News e desenvolvemos uma série de
atividades que permitam, com um olhar da educação matemática e midiática,
contribuir com uma leitura crítica das notícias. Por fim, ao desenvolvermos tais
análises, foi pretendido propiciar reflexões sobre democracia e a não neutralidade
da ciência, em especial, da matemática e sua intrínseca relação com os interesses
de grupos organizados na propagação de desinformação.