Expressão de MIF e VEGF em lesões da cérvice uterina associadas ao papilomavírus humano (HPV)
Câncer do Colo do Útero. HPV. MIF. VEGF. Imunohistoquímica.
O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais frequente em mulheres no Brasil, sendo a sua frequência menor apenas do que aquela observada para o câncer de pele não-melanoma e câncer de mama. O fator inibitório da migração de macrófagos (MIF) é produzido por diferentes tipos de células e participa de uma cadeia complexa de eventos que favorece o processo de carcinogênese, sendo possível observar um alto nível de expressão em quase todos os tipos de câncer humano, entre eles no câncer do colo do útero. O MIF também induz a um aumento dose dependente na excreção do fator de crescimento de endotélio vascular (VEGF), que promove a angiogênese, o crescimento tumoral e a migração dessas células no câncer do colo do útero. O objetivo deste estudo foi investigar a presença de MIF e VEGF em pacientes que apresentam ou não lesões do colo do útero, no intuito de identificar a existência de uma relação direta entre a presença dos marcadores MIF e VEGF com o grau da lesão do paciente, bem como, com a presença do papilomavírus humano (HPV). Foram incluídas no estudo 45 mulheres que haviam sido encaminhadas para a Maternidade Januário Cicco com suspeita de lesões na cérvice uterina. As pacientes que aceitaram participar do estudo responderam a um questionário, para obtenção de dados sócio-demograficos, seguido de exame clínico. Das mulheres que se submeteram a colposcopia, foram coletados dois fragmentos de tecido do colo do útero, um para análise histopatológica e outro para detecção do HPV por PCR convencional. A expressão dos biomarcadores, MIF e VEGF, foi detectada pela técnica de imuno-histoquímica. A área positiva de cada biomarcador foi lida e quantificada utilizando o programa ImageJ® e o resultado foi analisado através do programa de estatística SPSS® Statistics. Das 45 pacientes incluídas no estudo, 20% apresentaram resultado do exame citológico dentro dos padrões de normalidade, enquanto que 80% apresentaram algum tipo de alteração no exame; sendo 35,55% lesões do tipo LSIL e 44,44% lesões do tipo HSIL. A taxa de prevalência global de infecção genital pelo HPV foi de 80%, sendo 86,1% em pacientes com lesão. A expressão média do VEGF e do MIF tiveram um aumento gradativo quando comparado entre as pacientes normais, LSIL e HSIL, correspondendo respectivamente aos seguintes valores, 19,62, 41,59 e 55,42 para o VEGF e 4,36, 9,44 e 22,86 para MIF. Foi possível verificar uma correlação moderada positiva entre a expressão de MIF e VEGF (r = 0,523, p = <0,001). Por meio deste trabalho pôde-se concluir que a presença do vírus HPV está diretamente associada à presença de lesão na cérvice uterina. O VEGF e o MIF estão correlacionados e envolvidos indiretamente no processo de displasia cervical, desempenhando um importante papel nos diferentes graus de lesões. Existe uma relação significativa entre a presença do papilomavírus e o grau de lesão, como também existe uma correlação positiva entre o VEGF e o MIF. Não foi encontrada associação entre a presença do HPV e os níveis de MIF e VEGF. Ambos biomarcadores têm uma associação significativa com o grau de lesão do colo do útero.