Adaptações morfológicas do trato digestório do peixe neotropical Steindachnerina notonota (Characiformes, Curimatidae) ao hábito alimentar detritívoro
Morfologia, Detritivoria, Peixe Iliófago, Trato Digestório, Piabussú
A Detritivoria é comum em peixes dulcícolas, sobretudo na região neotropical, e embora pequena porcentagem de espécies sejam detritívoras, estas compõem mais de 50% da biomassa ictíca total, tendo importância ecológica, como elo da cadeia alimentar. O objetivo deste estudo consiste em analisar as adaptações morfológicas do trato digestório de Steindachnerina notonota. Assim, foram utilizados 10 espécimes adultos, necropsiados, para observações macroscópicas do trato digestório. Todas as estruturas foram analisadas com auxílio do estereomicroscópio. Os órgãos foram fixados em formol 10% e submetidos à coloração de Hematoxilina e Eosina, e PAS - Ácido Periódico Schiff (rastros branquiais, órgãos epibranquiais, esôfago, estômago, cecos pilóricos, segmento proximal, segmento médio e segmento distal do intestino médio, e intestino posterior). Os espécimes analisados possuíam comprimento total de 8,66 ± 3,38 cm, comprimento padrão de 6,74 ± 1,95 cm, e peso de 11,72 ± 11,59 g. A boca é terminal, apresenta o particular complexo bucofaríngeo, ausência de dentes e da língua, e possui três tipos de formatos de rastros branquiais com células mucosas e corpúsculos gustativos. Os órgãos epibranquiais e as demais regiões do tubo digestório possuem as camadas de mucosa, submucosa, muscular e serosa. Como alto grau de adaptação digestória, possui os órgãos epibranquiais com a forma de sáculo primitivo expandido com suas peculiaridades, um estômago mecânico com musculatura muito desenvolvida na região pilórica, e um intestino muito longo e enovelado, que tem internamente uma exclusiva prega helicoidal. Os aspectos morfológicos do trato digestório de S. notonota estão correlacionados ao hábito alimentar especializado detritívoro-iliófago.