LETRAMENTOS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE COQUEIROS
Letramento. Oralidade. Escrita. Retextualização. Comunidade quilombola.
Há quem afirme que, em comunidades quilombolas, não há leitura nem escrita, pois entende-se que é por meio da oralidade que os membros dessas comunidades se organizam. Tal afirmação pode retratar apenas um preconceito. Vivemos em uma sociedade grafocêntrica e, nesse sentido, a escrita está por todos os lados. Para contribuir com a reflexão de que a escrita se encontra presente também nessas comunidades, este projeto de intervenção tem como objeto, práticas de letramento da comunidade quilombola “Coqueiros”, localizada em Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte, desenvolvido através de uma pesquisa de vertente etnografia (ANDRÉ, 2012). O objetivo geral deste trabalho é ressignificar as práticas de oralidade, leitura e escrita na comunidade Coqueiros, por meio de um projeto de letramento. Para atingir esse objetivo, traçamos dois específicos: (i) identificar práticas de letramento mais recorrentes na comunidade; (ii) retextualizar os contos que singularizam tal comunidade, de maneira a refletir com a modalidade escrita, para servir de suporte para registros de histórias gerais. Tomando isso como pressuposto, este projeto de intervenção é ancorado nos estudos de letramento de vertente etnográfica (KLEIMAN, 1995, 2000, 2005; TINOCO, 2008; OLIVEIRA, TINOCO, SANTOS, 2014), no conceito de retextualização (MARCUSCHI, 2001), na leitura, escrita e oralidade como práticas sociais (CHARTIER, 1996), na perspectiva da história cultural de Cascudo (1995, 2006) e de Certeau (1995). Os instrumentos que serão utilizados para a geração de dados são: gravação de voz e vídeo, questionários, entrevistas semiestruturadas e fotos. Um dos resultados esperados deste projeto de intervenção é a valorização da bagagem cultural diversificada dos estudantes do 9o ano para, assim, tornar mais vivenciais e qualificados os usos que eles fazem da Língua Portuguesa, seja lendo, seja escrevendo para agir socialmente.