INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE NOS HOSPITAIS DO ESTADO DO AMAZONAS: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Palavras-chave: Infecção hospitalar; Saúde pública; Segurança do paciente; Qualidade da Assistência à Saúde.
Introdução: As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são consideradas um grave problema de saúde pública e constituem eventos adversos que podem interferir na segurança do paciente. Objetivo: Conhecer as IRAS nos hospitais do Estado do Amazonas no período de 2018 a 2022. Trata-se de um estudo ecológico, descritivo, exploratório, retrospectivo, de abordagem quantitativa. Métodos: Foram incluídos no estudo os dados de todos os hospitais notificantes que possuem leitos de UTI/Adulto e que realizam cirurgias de parto cesárea, implante mamário, artroplastia de joelho primária, artroplastia de quadril primária, derivação neurológica interna e cirurgia de revascularização do miocárdio. Foram calculadas as Densidades de Incidência (DI) de IRAS de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica, Infecção Primária de Corrente Sanguínea Laboratorial, Infecção do Trato Urinário Associado ao Cateter e também as taxas de Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC) para cirurgias de notificação nacional obrigatória. A análise de tendência foi realizada pelo programa Joinpoint e apresentada em forma de gráficos e tabelas. Resultados: Dentre as IRAS de UTI, a PAV apresentou o maior número de infecções no período (14‰), seguida pelas IPCSL (4,5‰) e ITU-AC (3,4‰). Em relação às IRAS em UTI, a PAV, apesar de apresentar maior DI, foi observada redução ao longo do tempo. Em 2018, a DI era de 16‰, em 2022 reduziu para 13,3‰. As ITU-AC também apresentaram redução, observou-se uma DI de 6,4‰ em 2018, reduzindo para 2,5‰ em 2022. Já a IPCSL foi a que apresentou aumento da DI, em 2018 a DI era de 4,8‰, em 2022 subiu para 5,2‰. Em relação às ISC, a cirurgia com maiores taxas foi a revascularização do miocárdio (9,7%), seguida de derivação interna neurológica (5,6%), artroplastia primária de joelho (3,2%), parto cesárea (2,8%), artroplastia de quadril primária (1%) e implante mamário com 0,8%. De 2018.1 a 2021.1, houve uma redução de -0,36% no APC. No entanto, a partir desta data até 2022, verificou-se um aumento de 2,38%, o único dado que apresentou significância estatística (p<0,05). Assim sendo, as cirurgias de parto cesárea e artroplastia de joelho primária, ao longo do tempo, tiveram um aumento nas taxas de infecção, o parto cesárea que em 2018 era de 2,9%, em 2022 apresentou taxa de 3,4%, quanto ao procedimento de artroplastia de joelho primária que em 2018 era de 3,8%, em 2022 passou a ter uma taxa de 4,4% de ISC. Já os demais procedimentos apresentaram redução das taxas, a revascularização do miocárdio, apesar de ter apresentado as maiores taxas, saiu de 2018 com uma taxa de 15,6% para 2022 com taxa de 6,9%. A derivação interna neurológica se manteve praticamente com a mesma taxa que em 2018, que foi de 3,7%, e em 2022 foi de 3,8%. Artroplastia de quadril primária em 2018 obteve uma taxa de 2,7%, que reduziu para 1,7% em 2022. As cirurgias de implante mamário apresentaram taxas baixas, em 2018 foi de 1,9%, reduzindo ainda mais em 2022 para 0,4%. Considerações finais: Além dos danos ao paciente, as IRAS podem elevar os custos hospitalares, prejudicando a assistência à saúde como um todo devido à escassez de recursos, principalmente na rede pública. Para prevenção das IRAS e possível diminuição das taxas, medidas podem ser adotadas como os bundles, capacitação da equipe multiprofissional, campanhas para maior adesão à higiene das mãos pelos profissionais de saúde, podem ser estratégias aliadas à prevenção.