INSEGURANCA ALIMENTAR, EXCESSO DE PESO, GENERO E RACA/COR: UM ESTUDO SOBRE INTERSECCIONALIDADE NA POPULACAO BRASILEIRA
Obesidade. Insegurança Alimentar. Interseccionalidade. Saúde Pública. Vulnerabilidade social.
Introducao: A obesidade e um problema global de saude publica, associado a comorbidades como diabetes e hipertensao, e tem avancado rapidamente no Brasil, onde sua prevalencia mais que dobrou entre 2006 e 2023. Junto a esse cenario, a inseguranca alimentar (IA) tambem cresceu, impactando de forma desproporcional mulheres e populacoes negras, reflexo de desigualdades estruturais historicas. Objetivo: Sob uma abordagem interseccional, esta tese investiga como genero, raca/cor e fatores socioeconomicos se articulam na relacao entre obesidade e IA. Metodologia: Formulada em dois tipos de estudos, revisao sistematica de literatura e estudos epidemiologicos observacionais, e composta por cinco artigos (dois metodologicos e tres que abordam os resultados das pesquisas). A revisao sistematica foi registrada na plataforma PROSPERO e realizada seguindo as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis). E as pesquisas aconteceram nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saude (Lilacs-BVS), PubMed, Web of Science e Embase, com as etapas de selecao e extracao realizadas por pesquisadores independentes que identificarao os artigos que atendam aos criterios de inclusao estabelecidos. Tambem foram realizados dois recortes transversais de base populacionais, um com amostra nacional e dados secundarios da Pesquisa Nacional de Saude (edicao de 2919) e outro com amostra regional do semiarido nordestino e dados primarios (InqSAN-Semiarido). Foram realizadas analises descritivas, bivariadas e multivariadas atraves do software Stata (versao 15.0), utilizando a variavel de Obesidade como desfecho (dicotomico). Como variaveis de exposicao, utilizou-se as variaveis socioeconomicas (renda, escolaridade, faixa etaria, ocupacao, estado civil, etc), a IA (categorica atraves da EBIA) e os fatores de genero e raca/cor, de forma categorica a partir da criacao de uma variavel interseccional (homem branco, homem preto/pardo, mulher branca, mulher preta/parda). Resultados: A revisao mostrou que a associacao positiva entre a IA e o excesso de peso esta bem consolidada na literatura, porem ha uma lacuna na discussao sobre como a interseccionalidade permeia essa associacao. Ja os recortes transversais, mostram que tanto a obesidade quanto a IA atinge os grupos interseccionais de maneira desigual, sendo a mulher negra a mais afetada em ambos, e que os demais fatores de vulnerabilidade intensificam esses cenarios. Consideracoes finais: A superacao das desigualdades estruturais exige politicas publicas que reconhecam as multiplas opressoes enfrentadas por diferentes grupos populacionais, promovendo justica social e equidade em vez de reforcar disparidades. A interseccionalidade, mais do que um conceito teorico, e uma ferramenta pratica para enfrentar racismo, sexismo e pobreza de forma integrada, garantindo o combate as desigualdades sociais que perpetuam IA e obesidade. Esforcos conjuntos entre Estado, sociedade civil e setor privado sao essenciais para transformar ambientes alimentares, reduzir privilegios e discriminacoes e construir uma sociedade mais justa e inclusiva.