O CORPO DO GRUPO CORPO: OS MOVIMENTOS DAS OBRAS BENGUELÊ, LECUONA E ONQOTÔ
Corpo, dança, sensível, fenomenologia
Nesta pesquisa, convidamos à reflexão por um olhar fenomenológico sobre o corpo, através da descrição de algumas obras da Companhia brasileira de dança contemporânea Grupo Corpo. Esta Companhia foi intencionalmente escolhida por nos dar elementos para interrogar em suas criações a compreensão do corpo e do sensível. Desse modo, lançamos como questões nesta dissertação: que corpo dança no Grupo Corpo? E como podemos visualizar, num enfoque fenomenológico, uma compreensão do corpo e do sensível nas obras dessa companhia? Partindo disso, as obras a serem interrogadas são “Benguelê” (1998/2003), “Lecuona” (2004) e “Onqotô” (2005). Pretende-se, através dessas obras, aproximar o discurso coreológico do discurso filosófico e dar movimento aos pensamentos fenomenológicos de Maurice Merleau-Ponty, em especiais o sensível, a carne do corpo, o investimento na sensorialidade como uma incorporação do mundo, convocando o saber do corpo e seu poder de se arriscar, de incorporar o mundo, a linguagem, a cultura, criar e escolher. Assim, nestas aberturas do pensamento é onde adentra esta pesquisa. Nesta coerência, recorremos à atitude fenomenológica de Maurice Merleau-Ponty como percurso metodológico, já que em seus estudos o filósofo lança um olhar expressivo sobre o corpo, configurando uma linguagem sensível que é expressa nos movimentos, onde aprofunda as teses da Fenomenologia num novo arranjo para o conhecimento enquanto resultado de nossa experiência no mundo vivido. As reflexões apresentadas aqui pretendem levar-nos ao espanto, ao impensado, aos quais, muitos desafios epistemológicos ainda se impõem, entre eles a compreensão do corpo e do conhecimento sensível