Pressupostos do autoestudo sobre as complexidades do início da carreira docente de um professor-pesquisador de educação física escolar
Narrativas (auto)biográficas; Colaboração; Formação; Amizade crítica; Casos de ensino.
Esta dissertação trata-se de um autoestudo sobre as complexidades do início da minha carreira de professor-pesquisador de educação física escolar. Os processos formativos de construção dos saberes docentes acontecem ao longo de nossas vidas. Esses saberes são representados em nossa prática pedagógica através das ações, e estão diretamente ligados à qualidade dos nossos processos de ensino e aprendizagem. Para consolidá-los ou (re)significá-los, é preciso nos assumirmos como pesquisadores(as) e refletirmos sobre nossa própria prática pedagógica desde o ingresso à docência. Quando nós, professores(as) iniciantes assumimos ser pesquisadores(as) de nossa prática educativa, mobilizando-nos para transformá-la, assumindo também o caráter autônomo e emancipatório de nossas ações e intencionalidades, nós nos colocamos como suscetíveis às mudanças que pretendemos realizar, demandando, com isso, a colaboração de outros(as) sujeitos, bem como a ampliação do acesso aos meios necessários para garantirmos a ação-reflexão em nosso trabalho junto aos pares e à gestão escolar, além de exigir a contribuição efetiva por parte das políticas públicas. Contudo, nem todo(a) professor(a) de educação física realizada a práxis educativa e está aberto(a) à colaboração de colegas de profissão ou até mesmo dos(a) alunos(as). Sendo assim, o objetivo deste autoestudo é identificar as complexidades do início da minha carreira docente de professor-pesquisador de educação física e analisar as contribuições de uma amizade crítica para lidar com as complexidades, para melhorar qualitativamente a prática. Para tal, esta pesquisa foi realizada no âmbito da educação básica, no ensino do conteúdo “lutas” a uma turma do 2º ano do ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – campus Natal Central. A investigação centra-se na análise compartilhada com uma professora – amiga crítica – sobre a minha prática no contexto do trabalho. Metodologicamente, a pesquisa está fundamentada em pressupostos e princípios do “autoestudo das práticas de ensino e formação de professores(as)” (S-STTEP). Parto do pressuposto de que o ensino da educação física na escola é algo complexo e que nós somos seres inacabados(as), cabendo a nós – professores(as) e pesquisadores(as) – assumirmos uma ação coletiva e colaborativa, que oportunize o repensar e o refazer contínuo da prática docente, expandindo a conduta reflexiva sobre os acontecimentos ocorridos nas aulas. As complexidades identificadas surgiram de três fontes de saberes: dos dilemas e situações-limites emergentes da prática; das intencionalidades pedagógicas de ensino e aprendizagem; e da interação com os(as) alunos(as) e professores(as). Os resultados apontam a importância da colaboração com outros(as) professores(as) – denominados(as) na literatura como “amigos(as) críticos(as)” – que fomentam inquietações e questionamentos, estimulando processos reflexivos sobre ensino e aprendizagem. Assim, este estudo permitiu concluir: por um lado, o autoestudo e a amizade crítica são estratégias coerentes e situadas de investigação colaborativa da própria prática docente porque, ao compartilhar saberes e entendimentos, elas promovem a melhoria do ensino e o desenvolvimento pessoal e profissional dos(as) envolvidos(as); por outro lado, há um limite da pesquisa à medida que o foco não está nas vozes dos(as) alunos(as) – como sujeitos – porque eles(as) também poderiam contribuir para análise e transformações da prática.